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Diário da Câmara dos Deputados

tava convencido da honorabilidade dessas pessoas, e, de contrário, não se compreenderia o seu gesto.

O Sr. Manuel José da Silva (Oliveira de Azeméis): —

O Orador:—Assim, dialogando, não chegaremos a apurar cousa nenhuma, e, demais, é desnecessário V. Ex.a fazer preguntàs a que antecipadamente sabe que não poderei responder.

Já ouvi dizer por mais duma vez, não só ao Sr. Vaz Guedes, mas também ao Sr. Júlio Martins, que não só foi convidado o Sr. Júlio Martins como igualmente o Sr. Cunha Liai. A referência deste facto tem sido feita, como digo, mais de uma vez, e desnecessário é repeti-la.' O que V. Ex.a, Sr. Presidente, e todos os Srs. Deputades podem ver nó acto do Sr. Vaz Guedes é uma grande lialdade da pairte de S. Ex.a em relação às pessoas citadas, porque nada me pode convencer de que o Sr. Vaz Guedes fosse

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medíocreménte inteligente — tam pouco criterioso, que fosse entregar a criaturas que estivessem incriminadas uma arma dessa natureza.

Analisemos com todo o cuidado esta questão, não percamos a cabeça.

Não podemos voltar a arma contra o Sr. Vaz Guedes, não podemos nunca reconhecer o Sr. Vaz Guedes como réu.

Já vi mais de uma vez, e com desgosto, tratar mal dos actos da comissão de inquérito.

Eu digo que, quando da questão do dezembrismo, me quiseram anavalhar, mas não se anavalha quem quer. O tempo foi a melhor forma de cicatrizar, e foi e melhor juiz e eu não fiquei enlameado, mas ficaram babujados os homens que me quiseram ferir.

O projecto do Sr. Ferreira da Rocha não foi ainda apreciado pela Câmara,, mas eu entendo que ele não deve ser aprovado.

É um erro nós irmos julgar membros do Parlamento, emquanto que outros, com os mesmos crimes, eram julgados por tribunais comuns, só por não terem assento no Parlamento.

É uma questão de ordem moral que aqui sé debate, e o Parlamento não pode ser juiz, por isso que os políticos apaixonam-se e não podem cabalmente desempenhar-se dessa nobre, mas dura, missão de julgar.

Deixem-me mesmo dizer-lhes, com toda a franqueza, que nem mesmo concordo com o facto do Parlamento ser tribunal de investigação, porque mais tarde ou mais cedo haviam, de dar-se inconfidências.

Outro aspecto que eu queria recordar à Câmara, aspecto que tem muita importância, é o seguinte : Imaginem V. Ex.as, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que nós substituíamos a comissão de inquérito ao extinto Ministério dos Abastecimentos, i

Formulando a hipótese de que nesta Câmara, havia quem assim .pensasse, calculem V. Ex.as o efeito • moral que tal facto lá fora produziria!

Haveria logo quem dissesse que nós não queríamos esta comissão, porque, bem ou mal, os factos que foram.trazidos ao domínio público podiam suscitar certas críticas.

Bem ou mal, os factos foram trazidos ao domínio do público e analisados por todos.

Seria bom que fôssemos cautelosos, para-não haver mais desgostos.

A imprensa não explorará o caso, agravando as pessoas que foram atingidas. Desde que assim é, e desejando liquidar com honra este assunto, esperamos que a comissão de inquérito apresente o resultado dos seus trabalhos, dando-lhe o tempo suficiente para o fazer. Ela não demorará os seus trabalhos.

Sobre a comissão pesa uma grande responsabilidade. Desde que a questão foi trazida ao Parlamento não pode s^,r derirnida sem que ela complete os seuso trabalhos. E este o melhor caminho. Es-íou convencido de que com serenidade poderemos averiguar tudo.

Faço votos para que não surjam novos desgostos e para que a República não sofra na sua. intangibilidade dignificadora.

É admitiaa a moção do Sr. António Maria da Silva.