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Sessão de 28^de Abril de 1920

essa comissão para ela se pronunciar, nós víamos passar o tempo sem que o país saiba até hoje o que se apurou dessas responsabilidades e onde param os 300 e tantos contos que o Estado desembolsou.

Então o Sr. Queiroz Vaz Guedes usando da palavra para dar explicações sobre o caso a que eu me tinha referido, afirmou que a comissão de inquérito não tinha ainda tratado da questão do arroz por causa duma questão de mulas que a referida comissão reputava importantíssima. Foi nesta altura que S. Ex.a afirmou que havia Deputados que estavam envolvidos em negócios sobre os quais recaíam as investigações dessa comissão.

A Câmara que atente bem na questão como ela foi posta. E pregunto :

Eu, Sr. Presidente, acho que foi de toda a conveniência o debate que se tem travado sobre o assunto para o mesmo se esclarecer, por isso que para mim todos os homens são bons até prevaricarem. (Apoiados).

£ O que seria, Sr. Presidente, do Parlamento, o que seria da Eepública, se nós quiséssemos aqui encobrir amigos pessoais ou políticos? (Apoiados).

Eu, Sr. Presidente, disse particularmente ao Sr. Vaz. Guedes que tinha feito no Parlamento acusações graves, que havia lançado uma acusação sobre o Parlamento da República, que havia de agradar aos inimigos da própria República, pois que hayia envolvido o Parlamento inteiro com as acusações que tinha feito, e disse-lho mais que necessário era que S» Ex.a, visto ter posto a questão nesse pó, viesse ao Parlamento esclarecer o assunto para prestígio do próprio Parlamento e de todos os parlamentares sôbr©

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a cabeça dos quais fica o peso dessas suspeições.

Disse-lhe que, visto ter começado, necessário era que fosse «té o fim. (Apoiados).

S. Ex.a disse-me então que fosse eu, com o Sr. Cunha Liai, ao Ministério dos Abastecimentos para examinarmos ali os documentos que lá existem e vermos então a conveniência que havia em trazer o assunto a um alto tribunal.

Eu disse-lhe então que não iria ao Ministério dos Abastecimentos, que não o faria, nem o devia fazer.

V. Ex.a, como presidente que ó dessa comissão de inquérito, é que tem a obrigação de trazer à Câmara tudo quanto há-sobre o assunto.

Não tinha, Sr. Presidente, de ir lá, esteja lá quem estiver, amigos ou não amigos, por isso que não encubro responsabilidades sejam elas de quem forem. (Apoiados).

Sr. Presidente: eu devo declarar que se o meu maior amigo estivesse envolvido num caso desses eu seria o próprio que lhe abriria as portas da cadeia para o meter lá dentro.

,jMas, Sr. Presidente, a que vinha o convite do Sr. Vaz Guedes para eu ir à comissão de inquérito com o Sr. Cunha Liai ver a responsabilidade dos Deputados que lá se encontram?

O Sr. Cunha Liai: — É preciso que se diga tudo e eu devo dizer que o Sr. Vaz Guedes, falando com um amigo meu Deputado, lhe disse o seguinte:

«O Cunha Liai tem lá umas cousas, mas sem importância».

O Orador: — S. Ex.a disse «alguns Deputados», e então mais convencido fiquei de que era preciso liquidar-se a questão.

Há tempos a esta parte tem-se- feito uma campanha cavilosa de calúnias a certos homens sem haver a coragem de lhes fazer essa acusação directamente sobre os actos criminosos que, porventura, tenham sido realizados.

"Hl necessário ter coragem.

S. Ex.a não foi provocado a trazer ao Parlamento essas asusações; fê-lo por expontaneidade.