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Diário da Câmara dos Deputados

classe militar, pois, se tal se fizesse, seria o pior de todos os males.

Não é lícito que a classe militar se encontre em condições muito diferentes da dos outros funcionários civis, tanto mais quanto é certo que se lhes têm exigido muitos sacrifícios.

E certo, Sr. Presidente, que houve excessos durante o período da guerra nas diferentes armas, mas isso foi feito para estabelecer a igualdade entre as diversas armas.

jíi por isso, Sr. Presidente, que eu entendo que a Câmara presta um bom serviço mantendo a doutrina, quanto a promoções, tanto no exército como na armada, a que há pouco me referi.

Sr. Presidente, referindo-me agora a algumas das considerações que foram apresentadas pelo ilustre Deputado o Sr. Plínio Silva, eu devo declarar que é sempre melindroso e sempre delicado fazerem-se referências a acontecimentos sobre que se não fez inteira luz : Eue Sr. Presidente, com a autoridade que me dá a minha situação de militar no estado maior, devo declarar que a organização a que S. Ex.a se referiu não ó a aspiração dalguns indivíduos isolados; mas sim a necessidade que eu entendo que existe de termos um .estado-maior completamente digno e à altura de fazer a guerra.

Os defeitos que possamos assacar ao corpo do estado maior são de ordem gê-' ral. Fazem parte do problema de educação nacional que é preciso atacar de frente, defeitos que não são da classe, nem dos indivíduos que a compõem.

S. Ex.a no seu ataque não quis penetrar no fundo da questão. Não quis ver a razão de muitos actos na aparência condenáveis, mas que são absolutamente defensáveis.

Quantas vezes no meu tempo de serviço em campanha, como oficial de estado maior, ouvi as mais duras críticas feitas a oficiais do serviço do estado maior e •muitas das críticas versavam sobre ordens cuja responsabilidade não se lhe podia assacar. Eu sabia isso, porém, na situação que ocupava, de oficial do estado maior, não podia, nem devia defendê-los, perante aqueles para quem os seus actos constituíam segredo.

Muitas vezes essas acusações, que eram lançadas sobre o estado maior e sobre o

próprio comando português, não tinham o mais pequeno fundamento. Eram absolutamente injustas. Sei qual a natureza das queixas, porque as ouvi muitas vezes.

Faziam-se levianamente.

Simplesmente pelos factos que vi e presenciei e pelo que ouvi e vi fiz o meu juízo. Portanto, será um a leviandade muito grande lançar sobre a classe erros e outros defeitos que são devidos a um conjunto de factos que nem sempre se sabe distinguir. Mas é preciso que todos saibamos distinguir o que são essas pessoas, ou defeitos de cada uma, dos erros que se devem atribuir à'corporação. O contrário não é a melhor forma de levantar o prestígio da corporação, como é preciso. Por isso devo dizer, o que o Sr. Plínio Silva desconhece, que foi num grupo de oficiais da corporação do estado maior que o Sr. Norton de Matos encontrou dedicados auxiliares para a sua obra.

Sem a boa vontade, dedicação e fó nos destinos da Pátria desses oficiais não seria possível organizar o Corpo Expedicionário Português que foi combater em França.

Quando se fizer a história do Corpo Expedicionário, Português, Portugal saberá o que deve aos seus oficiais do estado maior. Então se saberá a luta que foi preciso manter para o Corpo Expedicionário Português conservar lá fora a situação, o lugar que lhe competia. Todos sabem a luta que se sustentou no quartel general, para ser reconhecido o nosso lugar.

O Sr. Malheiro Reimão:—V. Ex.a foi Ministro da Guerra e sem desvendar segredos de mobilização pode dizer-me se o Sr. general Norton de Matos quando fez a mobilização das divisões que foram para França se serviu para alguma cousa dos trabalhos do estado maior? ^\r. Ex.a pode dizer-me mais se há algum trabalho feito posterior a 1904 sobre mobilização ou qualquer cousa que deva ser das atribuições do estado maior?