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pliaçâo da Biblioteca de Coimbra, que é obra, segando os cálculos dessa época, para cerca de 60 contos. Ora o Estado, que pão regateia 300 e 400 contos para instalações licoais^ não pode, em boa jus: tiça, furtar-se a tam diminuta despesa com uma obra de tam grande interesse nacional como essa. O Sr. Ministro da Instrução colocar-se-ia em lamentável contradição se recusasse a essa magnífica biblioteca todo o seu auxílio...

O Sr. Ministro da Instrução (Vasco Borges):—Pode Y. Ex.a estar certo de que não recusarei.

. O Orador: — & V. Ex.as sabem qual é a dotação da Biblioteca da Universidade para a aquisição de livros estrangeiros? 1.0000!

O Sr. Brito Camacho: — 4E V. Ex.a sabe quantos livros têm desaparecido dessa Biblioteca? Muitas centenas. Eu estou, até convencido de que os bichos chamados bibliófagos são bem mais inocentes de que certos bichos que lá entram. (fiisos).

O Orador; — Já há pouco eu tive ocasião, de dizer que na Biblioteca de Lisboa existiam 45 empregados com os quais o Estado gastava perto de 60 contos. Pois estou convencido de que. em grande parte, a causa do estado em que se encontram os livros dessa biblioteca só se pode atribuir à incúria dalguns desses empregados. •

"Se, porventura, os 45 empregados da Biblioteca de Lisboa — e eu não quero fazer agravo aos directores da Biblioteca, porque lhes faço "a fustiga de supor que têm solicitado «empre as providências necessárias aos Governos para remediarem os males da Biblioteca — se, porventura, os 45 empregados que a Biblioteca tem cuidassem dos livros como devia ser, olhando por eles r.orn amor e carinho, estou certo de que a maior parte das des-vastações nos livros não se teriam dado. (Apoiados).

Eu não posso admitir que exemplares únicos sejam atacados pelo insecto biblió-grafo. Exactamente porque o livro ó único, deve v andar sempre bem vigiado e cuidado. Um exemplar único tem um valor tam grande que não deve ser fechado

Diário da Câmara dos Deputados

numa estante sem ser examinado durante meses e anos, como sei que tem sucedido com alguns. Na Biblioteca de Coimbra existe também um espaço reservado para livros raros, mas esse espaço ó convenientemente arejado todos os dias, e os livros são devidamente fiscalizados, todos os dias são examinados e se, infelizmente, algum insecto os atingiu, isso será só por milagre.

Eu posso citar os exemplares que existem na Biblioteca da Universidade, e que não poderam ser vistos durante algum tempo, um mês, polo menos, quando foi da mudança das instituições, em que aqueles serviços públicos se ressentiram, como quási todos os serviços do-Estado, com a mudança de pessoal, havendo uma certa incúria e desleixo, e isso fez-se sentir imediatamente sobre os livros — eu posso citar a V. Ex.as os livros que existem lá um pouco deteriorados. Há, por exemplo, As Constituições, de D. Jorge Almeida, que é um exemplar único e que foi atacado pela humidade. Há também mais os livros referidos na represontação-

Estes livros foram atingidos pela humidade, no tempo em que afrouxou a vigi lância sobre eles.

De resto nenhuma destas bsbras eu pos-s~o admitir que íôssem atacadas pelos insectos,

E se algumas existem atacadas na Biblioteca de Lisboa, é porque não tem sido devidamente vigiadas. (Apoiados).

É portanto necessário que os directores das bibliotecas, e eu creio que eles não devem ter nenhum peso na consciência a esse respeito, mas os factos são factos, é por isso necessário que os directores recomendem aos seus subordinados a mais estreita e absoluta vigilância, não só sobre os exemplares raros, mas sobre todos os outros.

Eu sei que alguns livros estão em casas escuras, e a escuridão é propícia ao desenvolvimento das larvas; eu sei também que -a Biblioteca de Lisboa era um antigo convento e, sendo assim, tem casas acanhadas e anti-higiénicas, mas se se verificasse isso desde há muito, desde há muito também que as espécies raras deviam ser removidas dali para lugar conveniente.