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Sessão de 12 de Maio de 1920

o meu voto à proposta, mas não concordo com as fontes de receita que se procuraram para fazer face às despesas que ela acarreta, e desse modo desejaria antes que nós fôssemos de preferência agravar a tributeção àqueles objectos que em vez de corresponderem às necessidades 'da vida, constituem pelo contrário vícios dela:

Vamos tributar o álcool, vamos tributar o tabaco., vamos tributar o jogo. (Apoiados). Tenho dito.

Vozes:— Muito bem. Muito bem.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando restituir, revistas, as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Ministro da Instrução Pública (Y asco Borges):— Sr. Presidente: podia a V. Ex.a que consultasse a Câmara sobre se concede que continui a discutir-se este assunto com prejuízo da ordem do dia.

Consultada a Câmara, foi concedido.

O Sr. Santiago Prezado:—Sr. Presidente : eu sinto-me na obrigação moral de me ocupar deste palpitante assunto, que é a questão da Biblioteca Nacional.

Sinto-me nessa obrigação, desde que vi com os meus próprios olhos o estado verdadeiramente lastimoso a que infelizmente se deixou chegar aquela biblioteca.

Eu fui ultimamente visitar essa deplorável exposição de livros e de manuscritos, alguns quási perdidos, outros com-pletamente • e irremediavelmente inutilizados.

Contudo devo dizer que não foi ainda a visita a essa exposição o que mais me impressionou.

A actual direcção da Biblioteca Nacional teve por fim, organizando aquela exposição de livros e de manuscritos deteriorados, pôr bem em evidência ao público o estado verdadeiramente calamitoso em que a Biblioteca se encontra e o perigo eminente que a ameaça.

Mas talvez alguém julgue que nessa relativamente pequena exposição se encontrava tudo quanto há deteriorado dentro da Biblioteca Nacional.

Infelizmente não.

Eu pude ver o verificar com os meus olhos., choios de pasmo o do rnágua, que

aquela exposição era ainda cousa mínima ao lado do que podia ter sido."

Se se quisesse fazer uma exposição a valer daquela natureza, teria que se abrir e franquear ao público todo o edifício e pôr eui exposição a Biblioteca toda. (Avoiados).

Eu percorri todo ou quási todo o edifício da Biblioteca: corredores sem ar e sem claridade, em alguns sendo necessário acender as luzes para se ver, e mesmo assim mal, paredes impregnadas de humidade e as estantes encostadas às paredes deixando-se infiltrar por essa humidade, que de dia para. dia, cada vez mais vai inutilizando as obras ; numa clarabóia, ao fim dum corredor escuro, o rasto da água que corria nas ocasiões das chuvas, livros a montes nas estantes, nas prateleiras, aos montes pelo chãO) por não haver espaço onde guardá-los.

j E esses montões de livros, e essas fileiras de estantes pejadas, tudo deteriorado ou prestes a deteriorar-se pela acção da humidade, ou ruído pelos insectos e pelos ratos!

jEmfim, uma verdadeira calamidade, uma calamidade e uma vergonha!

j Não parecia que estava ali na maior e melhor biblioteca duma capital moderna!

j Eu tinha sim a impressão tristíssima e desoladora de que visitava umas catacumbas !

Em toda a parte onde se prezam e se estimam os livros, onde há um pouco de amor pela cultura, e do orgulho pela tradição, se procuram edifícios próprios para instalar bibliotecas, com todas as condições de higiene e de segurança.

Aqui é aiuda o mesmo velho convento de frãnciscanos, sem luz, sem ar, sem nenhuma das condições que se requerem para um edifício desta natureza e para o fim a que é destinado.

Sr. Presidente: eu devo decla-tãr que em minha opinião, se bem que seja contrário à de muitos outros, entendo que se não pode pensar sequer em modificar, em adaptar ou ampliar o actual edifício, onde está instalada a Biblioteca Nacional.