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Sessão de 13 de Maio de 1920

para a dissolução do Parlamento. O meu partido aceita a dissolução porque ela está na Constituição, mas em princípio sempre — como foi defendido no programa do velho partido onde durante tantos anos militou o Sr. Álvaro de Castro — repudiou a dissolução.

É certo -que até na imprensa tem corrido essa atoarda, mas se nós fôssemos a desmentir tudo quanto na imprensa corre, não nos chegaria o tempo.

Afirmo, pois, em nomeada maioria., que em princípio somos antidissolucionistas. Eis o que entendi dever dizer à Câmara e ao País.

Tenho dito»

O orador não reviu.

O Sr. Presidente :—Para a vaga do Sr. Domingos Frias na comissão de finanças nomeio o Sr. Velhinho Correia.

ORDEM DO DIA

O Sr. Presidente:—Vai passar-se à ordem do dia. Continua em discussão a proposta do lei do Sr. Ministro da Instrução acerca da Biblioteca Nacional.

Continua no uso da palavra o Sr. La-dislau Batalha.

O Sr. Ladislau Batalha:—Sr. Presidente : Vou continuar as considerações ontem iniciadas nesta casa do Parlamento, Porém, antes de entrar no assunto, permita V. Ex.a que eu faça umas considerações.

Tenho recebido cartas de vários pontos do País interessando-se extraordinariamente pelo salvamento do património nacional. '

Quando eu disse que o património nacional estava concentrado em três principais bibliotecas, na da Torre do Tombo, na de Lisboa e na de Évora, não quis por forma alguma afirmar uma verdade absoluta, pois em cada uma das muitas outras bibliotecas do País existem preciosos exemplares com altíssimo valor.

Indicaram-me a da Ajuda. E claro que embora não sendo, por assim dizer, o grande repositório das tradições nacionais, há nela orn todo o caso muito a que atender, bastando recordarmo-nos do que foi seu director a autêntica gloria poríu-ue oo ekíiEum Aksí5sidx?-3 IJ.orciv-

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lano, que lá introduziu a Biblioteca dos Padres da Congregação do Oratório das Necessidades.

Vou prosseguir na minha demonstração.

Depois de ter enunciado largamente as valiosas incorporações que formam a Biblioteca Nacional de Lisboa) é indispensável aludir, ainda que por incidente, a algumas das • suas preciosidades, mencionando-as ligeiramente, tanto quanto num despretencioso discurso se pode dizer. Este património acumulado dentro da Biblioteca Nacional de Lisboa é representado por um milhão de manuscritos, vinte e duas mil e quinhentas gravuras e setecentos mil volumes impressos.

Diz o director da Biblioteca, em documento público, que alguns dos exemplares ali existentes valem paia cima de 20, 40, 50 e 100 contos de réis cada, tendo alguns uma importância inestimável para a história da literatura, da sciôncia e da civilização.

Sr. Presidente: os leigos não fazem idea sequer de qual seja, mesmo materialmente, o valor da Biblioteca ameaçada.

Assim, a chamada Bíblia Hebraica, que ali se guarda, está hoje reputada em 800 contos!

A colecção de bíblias é imensa, é mesmo uma das mais preciosas, e não nos devemos rir disto, como soe acontecer, porque dentro dessa coleção há algumas que sendo antuqúíssimas e de uma incontestável raridade, são taníbê^n de uma altíssima importância para a História, para a filologia e para a arte.

Os incunábulos portugueses distinguem-se extraordinariamente dos de outros países, a não ser talvez das da Itália, pelas suas letras iniciais, as cabidelas iluminadas que são de uma instrução e de um valor inestimáveis.

Faz parte da Biblioteca uma Bíblia que pertenceu ao rei de Castela, e lhe foi tomada em Aljubarrota. Pois. esta obra está metida numa caixa, como outras raridades quo se acham dentro de cartões, qaando é uorlo que lá por fora — eu o vi muitas vezes — preciosidades desta ordem estão cuidadosamente acondicionadas, às vezos até