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de Oliveira, e é preciso dizer-se que a história das relações internacionais do século XVIII tem de vir completar se pelos elementos deste livro, que é rarís-simo em todo o mundo.

O Sr. Ministro de Instrução fez alguns reparos dizendo que fora fotografada por um inglês vindo a Portugal de propósito, a Memória da paz de Utrecht, manuscrito de 1705 devido à pena de D. Luiz da Cunha. Houve um erro de informação.

Em Portugal reside um inglês erudito e publicista, dedicado às cousas portuguesas, o Sr. Edgar Prestage, que está muito receoso da perda de documentos de valor, pelo que tem procurado fotografar muitas das páginas de livros em risco de ruína total.

Portanto, os reparos do Sr. Ministro da Instrução.foram certamente só devidos a má informação.

Na Biblioteca existem, como já disse, setecentos mil volumes e uni milhão de manuscritos que representam para ingleses, alemães e belgas um valor de trezentos ou quatrocentos mil contos, a poder de baratíssimo!

Será este o valor material desses exem-plart-s. Paru iiós, em moeda nossa, representam, como vêem e sabem, tanto -como o valor do nosso déficit três ou quatrírvezes repetido.

O Sr. Brito Camacho (interrompendo):— Não diga isso segunda vez, que são pa-pazes de os vender.

O Orador: — Mas este é o menor va-.lor que a Biblioteca tem, porque para nós, portugueses, ela tem um valor muito mais importante, pois essas verdadeiras preciosidades representam as nossas tradições mais queridas, o porquê da nossa existência, como povo livre e independente.

Está instalada a Biblioteca desde 1836 no convento de S. Francisco, que ó uni dos conventos onde existem corredores mais estreitos e acanhados.

.ili necessário ainda notar que nem todo esse convento se encontra ocupado pela biblioteca, pois que no pavimento inferior estão • instaladas as Belas Artes, na verdade pessimamente instaladas para um país como o nosso, e ainda muito pior o Museu da Arte Contemporânea,

Diário da Câmara dos Deputados

que ò povo não visita, porque não sabe da sua existência. '

O projecto que o Sr. Ministro da Instrução apresentou para acudir a este precário estado de cousas é vago e incompleto.

Aponta a maneira de alcançar recursos para às despesas a fazer e manda contrair um empréstimo na Caixa Geral de Depósitos, não dizendo a quantia nem claramente os fins desse empréstimo.

A . minoria socialista não tem dúvjda, contudo, em dar o seu voto à generalidade deste projecto em discussão. Com a declaração, terminante, porém, de que j ele terá de sofrer alterações fundamentais na discussão da especialidade, isto ó, que definam quais os fins, que não podem ser exclusivamente a construção de um edifício, a criação dum palácio. Terá de haver um outro ponto importante, que se refere a uma verba que não deverá ser inferior a 500 contos, -destinada a-salvar as preciosidades em risco.

Estas têm de salvar-se imediatamente.

Eu não compreendo, Sr. Presidente, a tributação feita essencialmente sobre os livros franceses, em um país que vive da literatura francesa.

Isto, a meu ver, se não resulta da inconsciência, é criar dificuldades, é fazer obstrucionismo.

Igualmente não compreendo que se lancem impostos especiais sobre gabinetes de leitura, que em Lisboa são em número de três apenas, e qno, a pôr-se em prática esta alínea, necessariamente terão de fechar, visto que o seu rendimento não lhes dará para pagar esse imposto, que vai incidir sobre o valor da capa das obras inscritas nos catálogos.

Por conseguinte, esta ó a atitude e o pensamento da minoria socialista, que neste momento interpreto.