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acerca das suas preciosidades bibliográficas, dos arquivos das suas tradições, fiz uma visita à Torre do Tombo.

O- Sr. Presidente: —

O Orador*—Vou aproveitar os cinco minutos e ficarei com a palavra reservada.

A respeito de roubos de livros, disse ou que são tradicionais.

Com efeito, em 1683, por exemplo, refere-se numa monografia da Torre do Tombo que neste momento estou seguindo, estando ainda o arquivo no Castelo, arrombaram-lhe a porta e queimaram os livros do Almoxarifado de Sacavêm, sobre cujo assunto se fizeram autos e se procedeu a 'diligências.

Mais adiante, citando o que se dizia faltar na Torre do Tombo, contam os autores desta monografia que entro muitas preciosidades enumeradas desapareceram tainbôm, segundo autores coevos, o seguinte :

«Eegimentos dos Officiaes mayores da Casa Èeal, papeis tocantes ás trez Ordens Militares e outros dos Alovantamentos, Juramentos Eeaes, Alvarás e Instrncções também Keaes para os Embaixadores passados e para os Viso Beys do Estado da índia e Governadores, e mais ministros dos outros Estados desta coroa, cartas e informações de huns e outros pêra os Senhores Keys que estão em gloria, 'e dos Summos Pontífices e Cardeaes e de outros Principes e Potentados da Europa, África e Ásia pêra os mesmos Senhores Eeys, e isto por descuido dos oíficiaes que até agora forão fiarem as chaves da dita casa de seus criados, não somente estes livros e papeis faltarão, senão também outros do muita importância, que por çr-dem dos mesmos Senhores Eeys se entregarão a Secretários e a chronistas mayores pêra se ajudarem d'elles em suas occupações, e Ofíicios até se tornarem a entregar n'ella, o que não fizerão em suas vidas, e não se sabia depois de mortos, em cujo poder estavão».

Passo em claro muitos roubos que vêem aqui designados, de todos os objectos ofi-

Diàrio da Câmara dos Deputados

cialmente verificados, para me referir a um outro caso, com que termino por hoje as minhas considerações.

Desta vez falará por mini o erudito Sr. Gabriel Pereira, já falecido.

Esse caso é o seguinte :

«Ainda há pouco ouvi contar que os monumentais livros do coro dos Jeróni-mos, de Belém, os grandes pergaminhos com belas cabidelas de- fina iluminura, serviram para correame aos rapazes da Casa Pia nas suas brincadeiras. Durante muito tempo, em certa localidade, foram as folhas dos livros corais muito recomendadas nos estancos para embrulhar rapé» .

E o autor exclama, por fim: «,; j Estamos em Marrocos ou na Turquia?! . ..».

Sr. Presidente: isto faz-me lembrar uma prova mais do nosso eterno desmazelo. Quando me ocupei cm tempos do estudo do século xvi, eu quis ver se podia saber onde paravam os instrumentos náuticos melhorados e inventados pelo iQí>tfini?tipo P^dro

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De investigação em investigação, vim a descobrir, como testemunho da nossa inferioridade e desleixo, que um abade do Colégio dos Eeligiosos Beneditinos, em Coimbra, precisando fazer no século xvi umas carrancas para pôr na frontaria duma igreja, fundiu tudo o que havia ali guardado a esse respeito, e assim se perderam para sempre os vestígios e memória do astrolábio usado pelos nossos antigos navegadores !

E mais nada por hoje.

O Sr. Presidente: — Vai passar-se à segunda parte da ordem do dia.

- O Sr. Pedro Pita (para interrogar a Mesa): — Sr. Presidente: eu desejava saber o que é que vai entrar em discussão na segunda parte da ordem do dia.