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Sessão de 24 de Maio de 1920

Na Biblioteca da Universidade de Coimbra é mais fácil o remédio, porque ali só é necessário aumentar o espaço destinado aos livros e o prolongamento do edifício ó fácil e mesmo para uma boa parte deles se está trabalhando aproveitando uma parte do desnível que há no edifício destinado à biblioteca.

O Sr. Brito Camacho, no seu discurso que foi verdadeiramente interessante, exagerou, por vezes, o que não quere dizer que não tivesse alguma razão em parte.

Todos, sabemos o que tem sido o problema da construção de edifícios públicos o não há ninguém que desconheça a falta de método que tem havido.

Com a maior parte dos operários, a qne há tempos se tem chamado «operários sem trabalho» tem-'se despendido muito dinheiro do Estado, e nestes últimos tempos construíram-se edifícios que não po-dom considerar-se grandiosos apesar de se gastar com eles muito tempo e dinheiro.

Assim, para terminar as obras da Imprensa Nacional, que se poderiam chamar do Santa Engrácia, tive que saltar por cima de tudo e fazê-las por tarefas. Se ôste sistema se houvesse seguido, teríamos- muito melhores edifícios, como os teríamos, se houvéssemos adquirido para o Estado alguns dos edifícios dos alemães.

Ninguém tratou disso e neste momento, para ter edifícios para os serviços do Estado, teremos que os construir por importâncias muito superiores ás que se gastariam na arrematação desses edifícios.

Afirmou-se nesta Câmara que não se podiam construir edifícios monumentais, nem despender dinheiro na ornamentação dos edifícios, mas seria um crime de lesa--arte, fazer edifícios que dessem a impressão de cómodas ou caixas como ó realmente o estilo da maior parte dos nossos edifícos públicos, e particulares.

Nesta altura é bom dizer que a verba a gastar com a Biblioteca^ Academia das Belas Artes deve ser fixada de modo a fazer-se alguma cousa regular.

A Suécia, numa crise da sua indústria o tendo muitos braços inactivos, empregou-os na construção de edifícios destinados à instalação dos serviços públicos.

Não tiiilui um ostilo: criou ums aquele foi obrigado poln fòr

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gou a actividade desses indivíduos, resol" vendo assim uma crise importante.

Diz-se, Sr. Presidente, que ôste ou aquele Ministro tem despedido estes ou aqueles operários.

Em 1913, apesar das muitas dificuldades, não arredei caminho, e desloquei muitos braços que se encontravam nas obras do Estado que muito mais utilmente podiam ser aproveitados em outros ramos de actividade.

Apareciam-me brochantes que nunca tinham pegado numa brocha, alôm do muitos outros que se achavam em condições idênticas.

Pena foi que, Sr. Presidente, quando voltei costas, essas criaturas fossem novamente admitidas, sem se procurar sabor primeiro se isso custava muito ou pouco ao País.

Não havia maneira de estabelecer empreitadas, mas dá-se um caso curioso que foi aqui narrado incidentemente por uni colega meu, qual ó o de existirem três comanditas numa pedreira no Parque Eduardo VII.

Sr. Presidente, poderá à primeira vista parecer que é indiferente tratar ou não, nesta altura, do caso a que me venho referindo, mas o facto é que não podemos estar a votar verbas para edifícios públicos que custam muito mais do que deviam custar.

Não podemos estar aqui a votar sacrifícios, sem se saber se o dinheiro é realmente para aquilo que é útil, absolutamente necessário, absolutamente defensável. • É preciso mudar de caminho, a não ser que levássemos Portugal para a situação em que se encontra outra nação, cujç nome não quero agora pronunciar.

E corto que isto tem um remédio e elo consiste em aproveitar estas verbas em trabalho útil para o Estado, e não fazendo o que se tem feito, colocando dez operários numa obra que não comporta mais do que cinco.

Entendo, pois, Sr. Presidente, como bem já disse o Sr. Brito Camacho, quo estas verbas devem ser votadas em cori-diçõos muito diforontes daquelas por quo vem indicadas na proposta, pois quo, nos-, tos termos, nem sequer ela podia sor admitida na Mosa.