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Diário da Câmara doa Deputados

O Orador: — Mas V. Ex.a sabe que as nossas intenções são muitas vezes deturpadas lá fora e podia presumir-se isso.

O Sr. António Fonseca: — Mas V. Ex.a não sabia o que eu ia dizer.

Parece-me, pois, melhor que V. Ex.a, se quiser, recuse a urgência para o assunto, mas que se abstenha de quaisquer considerações que eu terei de desfazer na primeira ocasião que se me ofereça.

O Orador : — Perfeitamente; mas eu sei que a comissão trabalha com toda a competência, e conheço bem o que dizem os jornais, o que é talvez urn pouco tendencioso.

Esperemos, portanto, que essa comissão dê o sen veredictum e que se desfaçam por si as atoardas dos jornais, que eu suspeito obedecerem a campanhas de vários grupos financeiros interessados no caso, para então tratarmos do assunto.

Antes disso, parece-me inconveniente que o Parlamento trate dele.

O Sr. António Fonseca: — A Câmara fez um trabalho técnico: não desejo tratar senão do carácter puliiíco.

O Orador :-— A questão ó que nós não devemos agravar o assunto, que é internacional. Não nos devemos deixar levar pelos jornais, por campanhas tendenciosas.

Á Câmara sabe que a comissão está a trabalhar e tem as suas. reuniões em Madrid.

Por isso pareco-me inconveniente, para a dignidade da própria comissão, estar a tratar aqui do assunto.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro da Instrução Pública -e interino dos Negócios Estrangeiros (Vasco Borges):—Direi ao Sr. António Fonseca que me parece n&o haver razão para o que disse.

S. Ex.a referiu-se a uma campanha dos jornais espanhóis.

As notícias que tenho dizem-me que há efectivamente jornais espanhóis que iniciaram uma campanha que não nos é favorável, relativa à questão das quedas de água do Douro. Mas ao mesmo passo dizem-mo que outros jornais, também espa-

nhóis, contrariam essa campanha defendendo os nossos interesses.

Kecebi, enviado pelos delegados de Madrid, um artigo do jornal El Sol que, se não me engano, iniciou essa campanha.

O que é certo é que posso dizer que hão me parece que haja fundados motivos para alarmes. t

As comissões, os delegados em Madrid, foram excelentemente acolhidos nos meios espanhóis, com todas as deferências e provas da mais alta consideração.

Tenho notícias oficiais recebidas da Legação de Madrid no sábado passado, do que as negociações — e isto é o mais importante — vão em muito bom caminho para os nossos interesses que lá defendemos.

Os nossos delegados são .pessoas muito competentes, a quem anima o mais alto patriotismo.. (Apoiados).

Vários^jornais espanhóis efectivamente continuaram a julgar as negociações muito bem encaminhadas, no sentido de fazer justiça aos legítimos interesses e direitos de Portugal.

Por consequência, estou tranquilo a êss respeito e porque as últimas informações recebidas dos delegados portugueses, em cuja competência e patriotismo confio, me permitem estar tranquilo.

Devo ainda informar a Câmara e o Sr. António Fonseca de que um dos telegramas que recebi só refere especialmente à brilhantíssima (a palavra' empregada é esta) «brilhantíssima» intervenção do Sr. Ferreira da Silva que, realmente j em certo momento pôde pugnar bem e com. justiça para nós.

De modo que julgo poder dizer ao Sr. António Fonseca e à Câmara que reputo, o • assunto da maior importância, mas creio inconveniente levantar o debate nesta ocasião.

O Sr. António Fonseca: — Não acho que seja inconveniente e felicito-me por ter provocado V. Ex.a a falar.

O Orador:—V. Ex.a não teria dificuldade, bastava fazer a proguuta, nem era preciso tratar do assunto em negócio urgente.