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cadeia. Nilo se calcula a impressão dolorosa que o habitante e o forasteiro recebem ao deparar com aquele antro infecto, despido da mais pequena parcela de elegância, com a tosca escada de acesso ao primeiro andar pelo lado exterior que lhe dá o aspecto bárbaro e hediondo do cárcere medieval, sem condições de higiene, sem ar que purifique, sem luz que lhe transmita a suavidade e lhe coma as impurezas.

É uma afronta à estética da praça, o velho pardieiro da cadeia, ó ato mesmo uma ignomínia social expor aos olhos de todos, misérias psíquicas quo os bons costumes e a moralidade determinam que se ocultem o mais possível.

O recinto do Castelo, mandado construir porJD. Dinis, só tern do notável a Torre de Menagem. As muralhas que o circundam obedecem ao sistema de fortificação liniar do século xri, actualmente sem importância táctica, polo progresso da indústria da guerra. Pela sua disposição presta-se ao fim altruísta quo a distinta Câmara Municipal procura alcançar. A Torre de Menagem está erecta a poente da cidade e num dos salientes das muralhas. É uma obra de alto valor histórico, estilo medieval, à quai não falta a mis-tica ogiva. Elegantemente traçada em quadrado, ele vá-se a 40 metros, eni trôs corpos, surgindo ULS dos outros, em concordância suave e de modo a emocion".r o sentimento artístico. As ameias do segundo corpo estão graciosamente/ sobressaídas, quebrando a monotonia que poderia receber-se da regularidade quadran-gular do monumento, dando-lhe a harmonia estética que levou o arquitecto inglôs Murphy a considerar a Torre de Menagem,'a mais bela obra das similares, que viu em Portugal.

Deseja a patriótica Câmara Municipal de Beja, conservar e tratar do monumento e apresentá-lo à admiração pública e, para esse efeito, não pode cair em melhor carinho e atenção, prestando assim um alto serviço à cidade e aos estudiosos que se interessam pelo tradteionalismo da Pátria Portuguesa. Nesta intuição, a vossa comissão de guerra ó de parecer que aproveis o projecto, como uma reivindicação da ilustre e liberal cidade de Beja, dando-lhe uma pequena satisfação do muito que tem sido olvidada e a convicção de que o parlamento está sempre ao lado

Diário da Gamara dos Deputados

das boas obras que dizem progresso, humanidade e elevação do sentimento regional que, no seu conjunto, ennobrecendo a República, glorifica a Pátria.

Sala das Sessões da Comissão de Guer^ rã, 5 de Janeiro de 1920.— Alberto Carlos de Oliveira — José Mendes dos Reis — Artur Octávio Rego Chagas—Raimundo Meira—António Maria Baptista (relator).

Senhores Senadores, — A vossa comissão de administração pública é do opinião quo deveis aprovar o projecto de lei n.° 209, que já tem parecer favorável da comissão de guerra, pois que a construção duma cadeia comarca na cidade de Beja é um acto que urgentemente se impõe, como medida de humanidade e de decoro citadino.

A actual cadeia é um velho pardieiro, infecto e imundo, donde os presos auda-zos se evadem com facilidade e os tímidos e irrcsolutos se deixam arruinar na sua saúde o na sua moralidade. Edificada na praça principal da cidade, na Praça da República, é de facto um clamoroso pregão contra a estética da cidade e as aspirações progressivas do povo aiente-jano.

Esta construção, qne a civilização contemporânea impõe, não traz encargo algum para o Estado, pois que a Câmara Municipal de Beja, na nítida compreensão dos seus deveres cívicos e sociais, se propõe realizá-la dentro dos seus próprios recursos financeiros.

A entrega da «Torre de Menagem» à guarda e ao cuidado da Câmara Municipal ó medida de atilado critério, pois que a nenhumas outras mãos ela poderia ser confiada que a tratassem com mais carinho e dosvelo.

Beja, a Pax Julia dos romanos, con* serva, com orgulho, todos os padrões [morredouros da sua tradição gloriosa, e a «Torre de Menagem», a exemplo do que sucede com o «Castelo de Leiria» — que o Ministério da Guerra cedeu por escritura de 11 do Janeiro de 1916, será a ante-sala, refinadamente artística, onde a, Câmara Municipal dará rendez-vous aos turistas e íorasteiros.