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Diário da. Câmara, dos Deputadoê

que anda ein volta de um terço da soma dos depósitos.

A Caixa deve ter uns 180 mil contos de depósitos. Quere dizer o Estado chama a si todos os depósitos. No dia em que se der o pânico, a primeira cousa que sucede ó estoirar a Caixa.

É preciso que o país conheça isto.

^Não será assim V

jíComo é que S. Ex.a calcula, então, o que tem de pagar para o ano?

(jComo faz as contas?

Pelas razões -que já disse o déficit é maior do que o calculado.

Não se pode manter uma dívida flutuante tam elevada como é a nossa. A dív7ida flutuante entende-se para dar ao Estado a possibilidade de antecipar certas despesas. Desde que o seu cômputo exceda aquilo que deve receber-se, o Estado está à mercê dum pânico inevitável desde que os portadores de bilhetes do Tesouro os não renovem.

Ainda outra cousa. O Estado não conta com os juros dos bilhetes. Esses juros são pagos com "novos bilhetes.

j^Mas se ninguém lhes pega?!

Somando os lucros de guerra com as receitas provenientes das novas propostas de finanças, vemos que esse produto nem sequer chega para encobrir o nosso déficit, não ficando disponibilidades algumas, nem ao menos para umas simples obras de fo-inent.o.

£É acaso urna boa medida de finanças queimar os 100 mil contos de circulação fiduciária para depois contrairmos um empréstimo em circunstâncias extraordinariamente onerosas para o nosso depauperado Tesouro ? Um programa de finanças não pode elaborar-se, como diz a expressão popular, «à tia Maria», o a primeira cousa que há a fazer,»para que os Deputados possam avaliar com conhecimento de causa, o valor e eficácia das medidas que tencionam apresentar-se, é, por assim dizer, ver o balanço da nossa situação, fazer o cálculo exacto das necessidades do Estado.

Sr. Presidente: eu compreendo que o excessivo abuso da circulação fiduciária tenha provocado a especulação; mas compreendo que o pequeno acréscimo que possa haver de disponibilidades deve ser aplicado numa política de fomento, que permita que a vida económica da nação cor-

responda ao montante do papel que anda aí em circulação.

Nós estávamos em Janeiro no sétimo-Ingar dos povos que tinham aumentado a sua circulação fiduciária.

Mas vejamos para que servem as reservas ouro em face do papel.

As reservas não servem para nada.

Nesses depósitos, tanto pode estar muito ouro, como pode estar o chapéu alto do director do banco, e isso para rnini, é.-me indiferente.

Aqui tem, pois, a Câmara' os erros cometidos pela contabilidade do Estado, que. não tem razão de ser e que são todos d1* natureza daqueles- que apontei à Câmara.

Eu sinto, Sr. Presidente, ter Cornado tempo à Câmara, com a interpelação que acabo de fazer.

Contas assim elaboradas, não servem para o país.

^E permitem-me todos um conselho?

Existe uma luta entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo; naturalmente o Governo e o Parlamento se acusam de incompetentes : uns dizem que não produzem, que não podem pôr em execução os sftus planos muito largos G esplendidos, por que os outros não deixam, os outros queixam-se de que não produzem, porque lhes aparecem cousas tam extraordinárias, que é preciso corrigi-las de fond en com-ble.'

Examinemos de futuro com mais cuidado todas as contas que nos forem presentes; obriguemos daqui por diante os Ministros a ser mais cautelosos nos números que nos apresentam.

Reparemos em que estamos numa épo-. ca em que todos os povos têm os olhos postos sobre nós.

Que nunca mais Portugal dê o exemplo de, pela pena do seu Ministro das Finanças, apresentar relatórios tam falhos de dados verdadeiros, que só nos podem envergonhar no estrangeiro, e-mostrar os desvarios e leviandade da nossa administração.

Não sei se estas contas já passaram pelas mãos dos homens da Comissão Executiva de Paris, porque isso pode ter capital importância na indemnização a pedir Alemanha.