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Diário da Câmara dos Deputados

acarretar despesas absolutamente incomportáveis no actual momento.

O que, no emtanto, não oferece dúvida é que o Governo não tem força e quer e cair.

Diz-se até mesmo que a sua homogeneidade não existe. Se assim é, o Sr. Ra-mos Preto tinha caído dama maneira mais em harmonia' com a alta função do Poder se ontem tivesse apresentado a questão de confiança.

Mas, tímfim, a responsabilidade é de S. Ex.a e a Câmara prpnunciar-se há como entender.

Pelo lado do Grupo Parlamentar Popular, estamos em oposição ao Governo e temos a convicção de que ele, no momento actual, .não está já à altura de poder realizar a obra que o país reclama.

Eu não sei se o Sr. António Granjo, quando disse que houve cabalas políticas para a discussão que se está travando, queria referir-se a quaisquer combinações políticas do seu Partido com qualquer outro.

Não sei mesmo se essas cabalas existem; o que quero simplesmente afirmar é que o Grupo Parlamentar Popular faz a sua oposição bem clara, diz francamente ao país aquilo que deseja, fazendo as suas declarações cara a cara perante os Governos, afirmando-lhes aquilo que pensa sobre a sua competência ou incompetência.

Eeconheço que o Sr. Ministro das Finanças não pode levar a bom termo o seu infeliz plano financeiro, e estou absolutamente convencido de que o homem que amanhã for chamado a gerir a pasta de S. Ex.a se há de -ver em enormes dificuldades, em sérios embaraços.

E porquê?

Porque em Portugal não se quer e ver a situação.

Todos falam em sacrifícios, mas ninguém os quere fazer.

As decantadas' forças vivas do país, com os seus competentes, com os seus técnicos, não chegaram a acordar sobre a forma de pôr em prática o vasto plano de ressurgimento económico-financeiro que ó absolutamente indispensável para salvação do pais. '

Ontem mesmo fizeram-se nesta Câmara afirmações gravíssimas que bem em cheque colocam essas forças vivas que tanto

se erguem em clamores de amnistia, que lançam sobre o país o descrédito e sobre os homens da República o labéu de incompetentes.

Ficou provado que S. Ex.as eram realmente tam competentes na simples administração de bens particulares, que foi necessário a República salvá-los da ruína iminente.

(Muitos ajjoiados).

Mas se nós, com uma grande franqueza e como uma grande hombridade afirmamos que é indispensável pagar—ouçarn--no bem as forças vivas ou mortas dOste país — a mal, se não for a bem, é porque estamos absolutamente dispostos a fazê-lo só, porventura, amanhã formos chamados ao Poder.

Mas quando a sua ganância, quando o seu espírito de espoliação os leva à realização de negócios espinhosos e à falência próxima, vêm então misericordiosos e ras-tejantes pedir ao Governo que os salve, suplicar ao Estado que lhes acuda e os arranque do. estado miserável em que se encontram.

Eu quero dizer ao Governo que, já que pôs a questão de confiança política à Câ-niara, e» La, lhe dará a resposta.

Mas, Sr. .António Granjo: não há grupelhos políticos a resolver crises políticas; não há homens desvairados pela pasta do Interior para nomear governadores civis e administradores de concelho, nem tam pouco há aqui homens que façam questão ministerial da Presidência do Governo.

Mas o meu grupo não é tam pequeno como S. Ex.a o julga. O meu grupelho pode medir-se na discussão alevantada dos assuntos com todas as altas coinpe-tências dos grandes Partidos.

Se V. Ex.as vão salvar o país com as ideas contidas nos seus programas — ai de nós, ai do país!

Não sei se o Sr. António Granjo fez porventura combinações políticas/ Eu fá--las hei todas se o meu Partido me indicar que é necessário que se façam.

Na hora grave que atravessamos não podem existir unidades. O qae ó preciso é o esforço inteligente de todos os homens audaciosos, cuja acção se empregue a bem de nós e da República.

Tenho dito.