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O Sr. Cunha Liai: — É numa lavandaria!

O Orador: — Sr. Presidente: várias moções foram enviadas para a Mesa, só uma, porém, eu votarei, porque só uma me diz a consciência que é conveniente nesta altura •, é a moção apresentada pelo Sr. António Granjo do qual desligo completa-mente neste meu voto a sua qualidade de leader dum Partido adverso ao meu.

Foi um Deputado que a apresentou, é quanto me basta, porque não costumo aceitar as doutrinas olhando a quem as expende.

Não bebo a água só porque vem duma fonte reclamada, bebo-a quando a verifico pura e límpida, 'quando reconheço que n^o me prejudica a saúde. i

O Sr. Cunha Liai: — ,jNão bebe então a água da lavandaria?

O Orador : — Não bebo a água da lavandaria mas hei-de esforçar-me por que a bebam algumas bocas abertas que aqui tenho ouvido.

O Sr. diirtha Liai' — Sr= Presidente: peço a V. Ex.a que convide o orador a declinar se quero referir-se à minha pessoa.

O Orador: — Sr. Presidente : mal iria a qualquer membro desta Câmara se estivesse sujeito às ameaças, às intimações que um Sr. Deputado entendesse dever dirigir-lhe quando fala. Quando quero referir-me a alguém, já está provado pelos meus actos, quando me refiro a qualquer Sr. Deputado olho para ôle...

Nesta altura o Sr, Cunha Liai avançou para o orador estabelecendo-se tumulto que, não podendo ser sufocado, obriga o Sr. Presidente a interromper a sessão.

Eram 17 horas e 15 minutos.

As 17 horas e 45 minutos reabre a sessão.

O Sr. Presidente: —Continua no uso da palavra o Sr. Mem Ver dial.

O Orador: — Sr. Presidente: quero concluir as minhas considerações com o mesmo intuito com que elas foram começadas.

Diário da Câmara dos Deputados

Dizia eii que era necessário que nas lutas políticas que aqui se travam, nessas lutas em que só a inteligência tem cabimento, pois que sendo da palavra, a palavra se deve elevar quanto possível para apresentar ideas que desejamos ver realizadas, dizia eu, que estas lutas mal dirigidas tinham tido no fundo alguma cousa de condenável.

Sr. Presidente.: como já disse, dou o meu voto a uma moção da qual resulte a afirmação de que a Câmara reconhece os intuitos honestos do Governo ao publicar o decreto que motivou a discussão larga em que estamos.

Não podia logicamente admitir que houvesse Ministros sem colaboradores; não podia admitir que os secretários dos Ministros, só por amor à arte. de secretá-trios, estivessem a desempenhar o seu ofício; não posso também admitir que o G-ovêrno tivesse o" propósito de, ao querer regular este assunto, saltar sobre a Constituição, saltar sobre os princípios legais, postergar a lei. Não era possível que de semelhantes pessoas viesse semelhante doutrina!

Sr. Presidente: em minha opinião, a subida ou queda dum Ministério, deve representar fundamentalmente a mudança duma orientação sobre política, e nunca, de forma alguma, a alcavala duma trica, um simples tergiversar de opiniões que, muitas vezes, nem sequer se manifestam.-

Mudar um Ministério é mudar profundamente a administração pública; se mudando p Ministério ela não muda, é comédia, é farça, o na política não se podem admitir comédias nem farças, porque o país não está na hora em que sejapos-sÍA^el semelhante situação.

Sr. Presidente: espero, porque não admito o absurdo da existência de qualquer Ministério, espero que este há-de ter fim como todos o tiveram, mas que ao menos não seja como tem sucedido a tantos outros, que ao menos a sua queda seja motivada por um acto de energia, e não por um simples e fútil pretexto, como aquele que se quere evocar agora.

E necessário firmar princípios.