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Sessão de 18 de Junho de 1920

cão política, eu tenho a coragem de dizer que há uma cousa que me preocupa e que me leva a querer assumir certos cargos públicos: é porque para eles trabalho e porque entendo que as minhas ideas, postas cm prática, são, pelo menos no meu critério, úteis ao País.

Não assumo os cargos elevados com grande alegria, mas tambêui não os assumo com desgosto. As sumo-o s por sentir que é uma .necessidade em relação à satisfação de princípios pelos quais eu sempre tenho combatido e me sinto com força de os efectivar, como, aliás, já tenho provado que sou capaz de realizar aquilo que tenho em mente e julgo ser útil e proveitoso ao meu País. (Muitos apoiados}.

O orador não reviu.

O Sr. Júlio Martins: — Sr. Presidente: não sei ainda, nesta altura, qual a moção que o Governo aceita, e, por conseqiiôn-cia, qual a moção que no pensamento do Governo pode traduzir confiança política no Gabinete.

Tenho lido com toda a atenção as moções que se encontram na Mesa, e, por mais que todos os partidos queiram encobrir o seu pensamento fundamental, a -verdade é que o Sr. Presidente do Ministério, em meu entender o em boa apreciação parlamentar, não pode escudar-se em qualquer dessas moções, para daí concluir que tem a confiança do Parlamento. (Apoiados).

E certo quo em algumas dessas moções se afirma mais ou menos confiança no Ministério, mas todas elas traduzem o princípio fundamental de que o Governo saiu da legalidade, publicando o decreto que promulgou. E se o Governo, com o Parlamento aberto, querendo viver com as Câmaras, mandou publicar um decreto ditatorial e a Câmara lhe intima a suspensão dêsso mesmo decreto, o Governo não pode fazer de qualquer das moções uma moção do confiança.

Eu ouvi há pouco uma teoria muito estranha, por parte do ilustre ieader do Partido de Keconstituição Nacional, Sr. Dr. Álvaro de Castro.

Disse S. Ex.a que o Governo não podia cair hoje, a pretexto dum decreto sobro o qual só enxertou uma questão de confiança política, pois ó necessário abrir-

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-se um largo debate para apreciar a obra governamental.

Não sei se foi este o pensamento de S. Ex.a; rnas foi, pelo menos, o que eu consegui apanhar das suas declarações. Se assim é, S. Ex.i>l labora num erro.

(j Desde que o Governo pôs a questão de confiança, porque não havemos, nós todos, de marcar os nossos pontos de vista' políticos?

£ Se o Sr. Álvaro de Castro quere colocar a questão sob este aspecto, porque

não havemos de iniciar ia o debate? * J

£ Porque não esclarece S. Ex.a o país neste momento'? S. Ex.a está em circunstâncias, pelo seu valor, pela sua inteli-gôncia e pelo seu republicanismo, de se sentar naquelas cadeiras. Com grande e bem justificada hombridade, S. Ex.a reclamou Gsse direito. Com a mesma hombridade falo eu, como chefe dum partido numeroso ou não, depois o veremos.

(í Porque não há-de o Sr. António Granjo, Ieader do Partido Liberal, expor, igualmente, ao país, os planos de governo?

O Sr. António Granjo: — O Partido Liberal tem o seu programa; o do Partido Republicano Popular é que eu não conheço.

O Orador :—O Partido Liberal teni, é certo, um programa, extenso e desenvolvido programa, mas o momento não é de programas com afirmações gerais, mas de ideas concretas.

,; Porque não há-de também o Partido Democrático, ou as diferentes facções quo o compõem, apresentar neste momento de crise as suas ideas políticas ?

Eu desafio os partidos políticos a fazê--lo. Vamos ao estudo, para que o país possa julgar da sua política económica, financeira e social.

(fEntão será necessário arranjar uma sessão especial e espectaculosa, cheia de gnmdes e floreados discursos, para se resolver a actual crise política?