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tudo o que tenho dito se pode dizer, por isso que é uma verdade.

O Sr. António Granjo: — E eu nego isso.

O Orador: — £ Estarei eu enganado, Sr. Presidente, quando afirmo que o momento que atravessamos não é para estarmos a criar' dificuldades ao Governo e à República?

Sr. Presidente, vou terminar; mas, antes de o fazer, devo declarar francamente, que não tenho a menor dúvida nas intenções de cada qual; porém, o que é necessário, é que todos nós façamos o possível para que o Governo continue a tratar a sério a questão financeira, pois, de contrário, a ordem não será mantida.

Espero, pois, Sr. Presidente, que este Governo trate muito a sério da questão das subsistências, pois estou inteiramente convencido de que, se não o fizer, dentro em pouco teremos uma revolução, e que é1 a revolução da fome.

Isto é que ó importante, e para isto é que nós devemos olhar, e a sério, como já disse, pondo do parte as questões políticas, que para nada servem.

TCn fn.ço votos píirn. qno êstfi Ministério se conserve, emquanto não prevaricar, em-quanto não der prova- de má administração, emquanto nos merecer confiança.

Este Ministério deve aí estar, emquanto defender os interesses da República e os interesses da Nação.

Ò Sr. Manuel José da Silva (Porto): — Sr. Presidente: as minhas primeiras palavras são para afirmar o meu muito respeito e alta consideração pelo Sr. Presidente do Ministério e por todos os cava«-lheiros que o acompanham na formação do Governo.

Eu devo à Câmara uma satisfação e quero justificá-la, dizendo que o meu apoio ao Governo não é o mesmo que o do Sr. Ladislau Batalha; eu sigo nesta hora uma atitude especial, absolutamente minha, e que está em harmonia com a dos socialistas do norte, como tambôm duma certa corrente dos socialistas do sul, isto em desacordo com a cooperação do partido no Governo.

Vou dizer à Câmara qual é a minha atitude, e justificar a minha missão neste Parlamento.

Diário da Câmara doa Deputados

Sr. Presidente: desde a idade de quinze anos que'acompanho a política do meu País e os acontecimentos passados nas outras nações, e em que todos os partidos socialistas, tom tido intervenção.

No nosso País eu tenho visto que os

partidos giram em volta dos Governos

com a preocupação constante de assam-

barcar o poder. Todos desejam ocupar o

'lugar do Ministros.

E preciso, para bem da República, para que ela se dignifique, que haja um Partido que exerça a missão legislativa sem a preocupação e o propósito de ocupar os lugares do Poder. Então moralizava-se a política; doutra forma nunca se pode moralizar.

Quando rias sociedades, as mais avançadas ou as mais retrógradas, a evolução intelectual e a evolução económica não marcham paralelamente com a evolução política, o progresso dos povos não pode ser efectivo, sendo os resultados dos aperfeiçoamentos que se realizem fora desse indispensável equilíbrio absolutamente negativos. Foi o que sucedeu no-nosso País. É por isso que eu penso que não há Governo algum, quer ele seja CGinD^s^'" ^as mais míircsdss com^eíên-cias ou das mais audazes iniciativas, que neste momento soja capaz de satisfazer aquilo que o País deles exige.

Toda a gente afirma que a péssima situação em que nos debatemos é apenas filha da incompetência dos Governos que nos têm administrado, e todos julgam que um Governo composto de figuras-i competentes seria o único capaz c! e nos-criar uma situação desafogada. Puro ôr-ro. O nosso mal tem origens mais fundasr que não se podem remediar facilmente.. Um Governo de competências ver-se-ia,, como. os outros, em presença de dificuldades insuperáveis e, a breve trecho, todos o reconheceriam impotente para debelar o mal que nos aflige.