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Sessão de 29 de Junho de 1920

De resto, nas actuais circunstâncias, nós não podemos esperar dum Governo, seja ele qual for, a completa efectivação do seu programa, por muito criterioso e bem elaborado que ele seja. O programa do actual Governo não pode constituir, por isso mesmo, outra cousa que não seja uma colecção de apontamentos para se proceder a determinados estudos. (Apoiados).

Um dos nossos grandes males é ainda a falta de continuidade na obra governa-tiva. Todos os políticos se acusam uns aos outros, mas eu declaro sinceramente que, mesmo no caso do Partido Socialista ser o detentor do Poder, eu não deixaria de dizer que o Governo não poderia fazer milagres.

Vejamos agora, Sr. Presidente, a questão das subsistências, sem dúvida uma das mais importantes que o Governo tem a resolver. O País está sem açúcar, sem carvão, sem azeite e sem pão. Se é certo que a crise ó de carácter internacional, o facto é que no nosso País se poderia muito bem ter evitado a carestia de muitos géneros e o desaparecimento de alguns se os Governos tivessem sido previdentes e enérgicos. Infelizmente assim não sucedeu. ,; Estaremos ainda a tempo de a remediar? Oxalá que sim.

Há ainda um outro ponto a que eu me desejo referir.

O dilema está de há muito claramente posto: ou os Governos reduzem as suas despesas com -o funcionalismo .e com o exército, ou nós não conseguiremos valorizar a nossa moeda e a fome bater-nos irremediavelmente à porta. Feitas estas considerações e a declaração ^e que me considero absolutamente livre, em matéria política, dentro desta casáa

O Sr. António CkaDjo: — Sr» Presidente : sou forçado a usar mais uma vez da palavra neste debato por virtude dalgu-

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mas referências que me íoram feitas pelos ilustres Deputados Srs. Júlio Martins e Cunha Liai.

O Sr. Júlio Martins increpou-me, acusando-me de ter chamado incompetente para a pasta que actualmente sobraça o Sr. Ministro da Marinha.

Foi da parte do Sr. Júlio Martins uma compreensão menos feliz das minhas palavras.

Eu não disse, nem podia dizer, que o Sr. Brederode não era competente para sobraçar a pasta da Marinha.

Li a declaração ministerial no que se referia a S. Ex.a

Estranhei que, tendo o Sr. Brederodo notoriamente competência especial para. outras pastas, em que melhor poderiam ser'aproveitados os seus méritos e qualidades, fosse justamente para a pasta da Marinha, onde essas qualidades seriam, porventura, menos apreciadas.

Eis o'que eu disse e que está na minha convicção.

Nunca poderia haver da minha parte nem uma referência menos amável ao Sr. Brederode, e. muito menos ainda duvidar da sua competência para ministro.

O Sr. Cunha Liai acusou-me de versa-tibilidades de opinião, por eu dizer que o Governo era radical e depois dizer que o Governo era conservador e assim, e apesar de tudo, ou não estar satisfeito com a formação do Governo.

Sr. Presidente: deve V. Ex.a lembrar--se de que eu comecei por dizer que da própria declaração ministerial ressaltava que 'a formação deste Governo obedeceu a uma indicação constitucional, e essa indicação constitucional tinha sido a votação na Câmara, durante a crise, sobre alguns pontos em discussão, indicação de se formar um Governo das esquerdas. Para provar que essa indicação constitucional, se existira, fora falseada, eu quis demonstrar, e parece que a este respeito toda a Câmara está de acordo, que o Governo não era um Governo das esquerdas.