O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

.26

Diário:da Câmara.dos tiepuladoa

No princípio da .monarquia.constitucional, a Câmara dos Pares era só para a fidalguia, para ás classes privilegiadas; a .elevação ao pariato f azia-se par herança ; mas nos últimos tempos, já ein 1910 e antes, esses lugares compravam-se, tro-. cavain-so e 'Vendiam-so, oram de nomeação, e a instituição da Câmara-dos Pares deixou do ter justificação.

V.eio a Bepúbliea e -.em lugar de íazer--s.e -.unia -só -Câmara, Tespeitando .as tra-.diçõea, fez-se a eleição para uma e'dessa >c\íu -a outra a que se -.deu *o nome de Seriado, como em Inglaterra há a dos Lords.

Assim se criou uma segunda Câmara e assim se criaram uma rivalidade e uma dualidade desnecessária.

NlLo se pode compreender porque .razão uma cousa aqni aprovada tem de ir à outra Câmara e só ela lhe puzer alguma emolida, . .tcru de vir novamente a esta q nu, Jio caso de a .rejeitar,, tem de mandar reunir .as .duas em sessão conjunta, pura dizer o que já por partes, tinham dito. Isto só pode servir para conveniências politiqueiras.

Aqui tem V. Ex.a a génese das .desgraças que afligem Portugal.

Actualmente, em tudo, seja no que for, só há um egoísmo sórdido e absoluto.

Os partidos não têm lialdade uns para com os outros. Também desapareceu toda n solidariedade. Hoje ato para as greves itpareceu a palavra'«amarelo».

Amarelos andamos todos nós, amarela está esta .sociedade em que vivemos.

O nosso passado nacional é de piratas, isso está dito por autores de maior coturno e em todas as épocas.

JRecordo o grande morto! Não me refiro a Sidónio Pais mas a Luís de Camões, ' a esse que, à semelhança do que aconteceu a uma' rainha, só depois de morto é que foi grande, tendo contudo morrido numa enxerga. .Luís de Camões^ que não ó só uma glória nacional mas uma glória mundial, ele que era um revolucionário, de que seria Jioje um sovietista, se vivesse, lá proclamava bem alto nos .seus Disparates da índia:

Porque não pondes um freio A 'este roubar -sem .meio ...

Pois quem assim falava era Camões, e 11 a o eu.

Sr. Presidente: aiqui tem V. Ex.a .a gê" nese precisa da decadência portuguesa.

Eevesíirani-se ali .naquelas cadeiras, já trinta .Ministérios; hão-de revesar-se outros trinta e outros trinta, e Portugal continuará o seu período de decadência até o desaparecimento da. nacionalidade, se por acaso não nos deixarmos de discutir iutilidades, como a d.e.saber, por exemplo, -se .fulano ó bom .ou mau repubJicano, fiel ou infiel correligionário-. Tud"© isto não tem valor algum para discussão, e discuti-lo revela um triste -sintoma de decadência.

O que nós precisamos é que haja.amigos de Portugal -que saibam tomar medidas e resoluções, que tenham objectivo, que saibam escrever mais alguma cousa que esta pobre declaração que aqui temos presente.

Portugal, como já disse, desempenhou unm grande, missão, já teve o seu nascimento 'heróico, já teve o seu apogeu atingido no período das conquistas e das navegações. Chegado a esse apogeu, entrou no declive, vimo-lo principiar a decair desde o século xv. Desde então que essa decadência se acentua e agora numa vertigem desgraçada.

A razão é-esta: em quanto éramos únicos .na navegação, nós tínhamos recursos enormes, infinitos, com que fazíamos face aos inconvenientes do despovoamento da metrópole e com que pagávamos lauta e generosamente tudo de que carecíamos e que sem economia nem poupança importávamos dos países do norte.

Depois lançámo nos -às minas do Novo Mundo.

Mas as minas do Paraguai ficaram exaustas ou, pelo menos, saíram das nossas mãos, assim como as do Uruguai.