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Diário da Câmara do» Deputados

Com a Irlanda temos muitos pontos do semelhança e afinidade.

O destino que nos espera será a solução, porventura, aqui suspeitada.

Subdividir-se hão as nações.

Na fronteira russa algumas nacionalidades surgem e ressurgem, chegando algumas a evidenciar-se, como a Finlândia, Polónia, Estónia, Livónia e Tcheco-Solo-váquia.'

Não há dúvida que à Irlanda, já em luta, outras novas nacionalidades se seguirão.

A Catalunha agita-se cada vez com maior intensidade.

Primeiro o desmembramento dos velhos •e grandes potentados. Virá depois a confederação dos Estados.

Será um belo futuro esse, não para os que são vh os, não para nós.

Desaparecerão Espanha, Portugal e Catalunha. Sobre as ruínas destes Estados surgirá a confederação ibérica, em que Portugal ficará com o valor que hegemonicamente lhe pertencer como raça.

Sr. Presidente: dadas estas explicações, devo confessar que esse Ministério vale para mim. e para os socialistas, tanto como os outros que caíram ou que hão-de entrar. (Apoiados).'

Se não mudarem de processos de orientação, todos eles, os que vierem entrando com as suas cartas de programa nas mftos, valerão sempre o mesmo.

A gente há-de vê-los continuar a cair e na queda bem poderão habituar-se a apresentar uma outra carta em que terão de confessar: «Falhámos, falhámos, falhámos».

Todos eles nada podem fazer, dadp o defeito dos nossos hábitos _e relações políticas e dos múltiplos interesses que sempre impedem o Estado de fazer seja o que for, moralizador dos costumes.

E preciso que a sociedade portuguesa não continue a querer—segundo a usança já histórica—lucrar sem produzir nem trabalhar.

O que pensa esta sociedade a respeito do Estado, tive ocasião de ver quando estive, não como Ministro libera nos domine, mas como chefe do gabinete do último Ministro do Trabalho.

Eni Portugal entende-se que o Estado^ é urn. grande montepio, onde cada um tem o direito de receber o máximo que possa, produzindo o menos possível.

Toda a moral portuguesa se pode consubstanciar num só caso que vou apresentar, dos muitos similares que ocorrem a cada instante no mundo burocrático.

Logo que sobe um novo Ministro, há funcionários que pedem aos seus conhecimentos para que instem com o respectivo Ministro para que ele seja requisitado... para ir trabalhar no gabinete. .

A Câmara sabe que ser requisitado, é sair do lugar que cada um desempenha, ir para casa, licenciado sem licença, e no fim do mês ir receber o vencimento sem nada ter produzido, mas como se tivesse.

Chegaram a dizer-me que isto não representava nenhum encargo para o Estado e que ele mio era prejudicado.

Esse funcionário não produzia, mas dizia-se que o Estado não ficava prejudicado',!

Para" ele, diminuir a produção não é uma lógica forma de agravar a despesa!

Dizendo isto nada mais é necessário para definir o estado de desregramento a que chegou a nossa sociedade.

Os Srs. Deputados que me ouvem, que são homens de valor, estão certamente convencidos de que é necessário uma campanha enérgica o fervorosa para moralizar os nossos costumes, e seria está a única boa obra política de alcance social e administrativo neste momento.

Uma vez, quando trabalhava no Ministério, chegou-se a mim um indivíduo e pediu-me um emprego.

Preguntei-lhe se iião tinha ocupação.

Respondeu-me que era carpinteiro, mas o que necessitava era encontrar por influência do Ministério uma colocação do Governo.

Eepliquei-lhe se não tinha a sua serra, o seu martelo, a sua ferramenta de ofício, para trabalhar, sem favores de ninguém, porque não lhe faltaria trabalho, pois que há bastante. O que falta é quem o faça. (Apoiados).

Continuou pedindo que lhe arranjasse um lugar mesmo que fosse o -de guarda de retretes.

Eu realmente corei de tanto rebaixamento.