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A significação que eu pretendo tirar da apresentação desta plataforma, mesmo que ela fosso da responsabilidade pessoal do Sr. António Granjo, mantêm-se a mesma, pois vS. Ex.a quando foi para essa reunião, sabia perfeitamente que não ia afirmar a sua opinião pessoal, mas a opinião do seu Partido, ó claro, consoante os interesses da República.

Constituíu-se, portanto, o Governo c nós supúnhamos que na sua apresentação para o combatermos' não teríamos mais que evocar as afirmações feitas por S. Ex.a a quando da apresentação do Governo do Sr. António Maria da Silva.

Bom seria que o Sr. António Granjo e todos os homens públicos deste País não esquecessem que as afirmações que os homens públicos fazem são outros tantos pelourinhos a que ficam amarrados.

Ao Sr. António Granjo assim não sucedeu, e quuuuo todos supúnhamos que S. Ex.a traria à Câmara um grande plano de Governo, porque S. Ex.a de há muito vinha afirmando no Parlamento, na imprensa, em toda a parte, que o seu Partido estava habilitado a governar, e só está habilitado a governar quem temideas na cabeça prontas a transformá-las em propostas de lei, assim não sucedeu, razão por que tomei parte neste debate.

Rui Barbosa, jurisconsulto distintíssimo, político eminente brasileiro, um nome mais conhecido no inundo do que o. nome do Sr. António Granjo é conhecido em Portugal fez, num dia, e numa conferência pública, a seguinte afirmação: os homens de princípios habituados a conhecê-los só para os violar são precisamente aqueles que mais se dão ao luxo de os invocar-unicamente para os deturpar quando os seus interesses de clientela a isso os obriga. Eu, se porventura tivesse a respeito do Sr. António Granjo dúvidas de que S. Ex.a nem sempre condicionava os seus actos políticos com .as suas afirmações políticas, tinha tido a, propósito da apresentação do Governo um ensejo admirável para constatar que S. Ex.a estava bem a dentro desta afirmação de Rui Barbosa.-

O Sr. Álvaro de Castro, ao falar ontem nesta Câmara em nome do Partido Democrático, secção de Reconstituição Nacional, apoiando o Governo, teve ocasião do dizer que no seu programa encontrava

Diário da Câmara dos Deputados

pontos realizáveis e pontos não realizáveis.

Quando estas palavras saem da boca dum amigo do Governo, pregunto, ^o que resta dizer? Nada, absolutamente nada.

O Si\ Cunha Liai, no momento em que o Sr. Álvaro de Castro -fez a afirmação de que havia algus pontos irrealizáveis, preguntou a S. Ex.a, e S. Ex.a respondeu quais os pontos com que concordava para que, por eliminatórias, chegássemos à conclusão daqueles de que discordava. S. Ex.a disse que concordava com .a publicação do Código Administrativo, concordava com as alterações apresentadas ao plano financeiro, concordava com a alteração apresentada pela pasta do Comércio instituindo a Junta. Autónoma dos Portos do Algarve, e em quarto lugar com outros pequenos pontos de vista.

Ora, Sr. Presidente, quando um chefe de Partido, com as responsabilidades do Sr. Álvaro de Castro, tendo elementos no Governo certamente para. iniciaram aquilo qne não puderam fazer durante oito meses de Poder, porque S. Ex.:i!i foram já ministros oito meses; islo é, iniciar neste momento aquela política de ro-constituição nacional que S. Ex.a nos tablados dos comícios, n n, imprensa, no Parlamento tanto apregoa; quando um chefe de partido que apoia um Governo apenas concorda com três ou quatro pontos do seu programa, e pontos de vista quê podem pertencer a um programa político .de qualquer porteiro do Ministério do Interior, pregunto eu •£ a que estado desgraçado nós chegámos na política português a, Sr. Presidente?