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Sessão de 21 de Julho de 1920

O qne entre nós se quere é receber proventos sem trabalhar.

Apartes.

Sr. Presidente: feitas estas declarações eu tenho a dizer que não deposito confiança neste Governo, como a não depositava nos que passaram, nem nos que hão-de vir, emquaato não se der a renovação e moralização dos costumes, que é uma obra que tem de se fazer no Parlamento e fora dele.

Com este Governo até se fez uma inovação.

Costumam os Governos tomar posse por entre os aplausos-e as saudações do público e das corporações que os aceitam, felicitando-os e saudando-os. Mas esto Governo, receoso, certamente, duma recepção fria e até hostil, tratou de pôr nas ruas a guarda republicana para o que desse e viesse.

Mau sintoma este que pouco abona em favor da sua popularidade.

Tenho dito.

O Sr. Henrique de Vasconcelos: — No

debate eminentemente político que se tem travado • em volta do programa ministerial, eu não tenciono ferir a nota política, limitando-me apenas a fazer algumas pré-guntas para esclarecimento da orientação a seguir por alguns Ministros na gerência das suas pastas, visto que em alguns pontos esse programa é omisso ou impreciso.

Antes, porém, de entrar propriamente no assunto de que me desejo ocupar, permita-me V. Ex.a, Sr. Presidente, que ou envie as minhas saudações a todos os membros do Governo, especialmente ao seu ilustro chefe e àqueles que são meus correligionários e no Ministério representam esto lado da Câmara.

O programa ministerial ontem lido refere-se ao nosso problema colonial. Está à frente da pasta das Colónias um verdadeiro colonial, homem novo, com ideas novas e vastos conhecimentos. Oxalá consiga ser um digno continuador da obra iniciada por esse grande colonial que se chama Ernesto de Vilhena. Alude o programa ministerial à revisão e complemento da reforma colonial apresentada ao Congresso.

Nota-se um certo desacordo entre a orientação da Câmara dos Deputados e

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a do Senado e por isso desejo saber qual o critério do Sr. Ministro das Colónias neste, assunto.

Outra pregunta tenho a fazer, mas é dirigida ao meu velho amigo o Sr. Melo Barreto, Ministro dos Negócios Estrangeiros.

Peço a S. Ex.íl a fineza de me dizer se perfilha a proposta de lei trazida aqui à Câmara pelo seu correligionário Sr. Xavier da Silva, quando Ministro dos Negócios Estrangeiros, alterando as dotações das legações da Eepública no estrangeiro.

Semelhante proposta de lei é duma alta importância, pois que atenderá um pouco à precária situação eni que se encontra o corpo diplomático português.

Sr. Presidente: a diplomacia não pode desenvolvor-se sem um .certo prestigio, sem despesas de representação que são sempre avultadas.

Há poucos meses, no seu discurso de recepção na Academia Francesa, uni dos mais ilustres diplomatas franceses, o Sr. Jules Camboii, embaixador da França em Berlim, quando da declaração da guerra, afirmou laborar num grave erro aquele que -imagina que as relações pessoais não têm importância no desenvolvimento das negociações diplomáticas.

As classes dirigentes, vivem, à maneira burguesa, dispendiosa, faustosa, que a diplomacia tem fatalmente de imitar, frequentando os representantes dessas cias-, sés num perfeito pé de igualdade. . Todo o país que queira ter boa diplomacia tem de a pagar devidamente.

É preciso saber que no nosso corpo diplomático há individualidades distintas e de entre elas posso citar, sem desdouro para ninguém, o Sr. Teixeira Gomes (Apoiados}, mas para que essas compe-tôncias possam corresponder absolutamente à sua alta missão, necessário é que se encontre em situação de acompanhai-as exigências de representação do seu cargo.

Chamo, pois, a atenção do Governo para este facto.