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Diário da Câmara dos .Deputados

pareceu do mereado por açambarcamen-to, açambarcamento até certo ponto legítimo, porque, ao abrigo duma lei da Re-^ pública, se tabelou' o azeite por certo preço, preço por que os comerciantes o compraram, sendo dspois obrigados, por decreto posterior, a vendê-lo por um preço fixado de tal maneira que necessariamente perdiam o seu dinheiro. (Apoiados}.

O Sr. Júlio Martins: — Com vista ao Sr. João Luís Ricardo!

O Orador: — Não é com vista ,a ninguém! Não venho aqui acusar pessoas, nem censurar ninguém. \renho apresentar uma situação, c peço, desde já. a toda a gente que me ouve que não veja nas minhas palavras a mais pequena sombra, já nívo digo de insinuação, mas de censura. (Apoiados).

Convencido estou de que o Sr. João Luís Ricardo desse modo entendeu que praticava um acto em benefício do País e do povo!

Vozes: — Muito bem, muito bem.

O Orador: — Ainda, Sr. Presidente,por termos uma lei que proibia a conservação nos entrepostos de géneros armazenados por mais de quinze dias nos vemos em dificuldades.

Essa lei prejudica uni pouco a navegação e duma forma extraordinariamente sensível a importação desses "géneros, sobretudo das nossas colónias.

Convencido estou de que se. estivesse ainda na pasta da Agricultura o Sr. Luís Ricardo ou os Ministros que o antecederam, S. Ex.a, tendo procedido da forma que eles julgaram mais proveitosa para o País, seriam, certamente:, o:s primeiros, a prover de remédio os males que providências menos acertadas porventura criaram.

Em relação ao pão. a situação é, ainda, mais angustiosa. Quando entrei no meu Ministério ou tinha triga, segundo as informações que me foram dadas, até 7 ou, 8.do mês de Agosto.

Por motivo do incêndio doma fábrica de moagem, em que ficou iuutilizado porto de um milhão- de. quilogramas desse cereal, essa percentagem ficou ainda roais

reduzida, e, embora eu logo no primeiro, dia em que tomei conta da minha pasta tivesse tomado as indispensáveis providências, parece-me que nem sequer até ess.a data teremos o trigo de que carecemos.

Não encontrei, no Ministério da Agricultura qualquer proposta fechada para a compra de trigos.

Sabe a Câmara a dificuldade que há para a aquisição de cereais, desde que o-Ministro pense em defender-se da especulação o -do intermediário, e, por isso não tive remédio senão fechar por alto-preço uma proposta de compra do trigos-que me garante o fornecimento de 22:000 toneladas dôsse cerea], permitindo-me ao mesmo tempo conhecer • a situação dos. mercados de forma a poder garantir ao País a quantidade do trigo suficiente evi-, tando que aconteça o que por várias vezes tem sucedido relativamente.a este assunto em que, por se não terem feito os fornecimentos a tempo, o Estado tem perdido dezenas de milhares de contos.

Com relação ao carvão, devo dizer que logo no primeiro dia em que tomei conta da minha pasta e a fui informado de que-havia um bairro em Lisboa em que já se arrancavam o,s soalhos das casas para os queimar.

Uma vez que tive conhecimento deste-e doutros factos, dei imediatamente ordem para que fossem carregados nas estações de Sul e Sueste todos os depósitos, de carvão que nelas se encontrassem.

Tive também ocasião de reconhecer que a falta de carvão se não pode atribuir nem a deficiências nem a más vontades, mas simplesmente ao preço que as lenhas atingiram, que n.ãó está em harmonia com o preço do carvão, tal como> se acha* tabelado.

Acontece, porém, que emquanto Lisboa está sem carvão, em várias estações da Alentejo se vêem verdadeiras montanhas desse Combustível de que o Governo não pode dispor,, anão ser pela violência inaudita de obrigar os seus possuidores a entregá-los sem o Governo o pagar b que, enr todo. Q caso, se Mo justifica, visto que tal o não.exige, no momento, uma extrema medida de salvação pública.