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Sessão de 29 de Julko de 1920

O Orador: — Eu não uso do processos que condenei, sigo sempre na minha vida o caminho que há muito tracei, e não estou disposto a arrepiá-lo, porque me tenho dado bem até agora.

Eu digo sempre a verdade, mas ninguém me pode acoimar de criar qualquer dificuldade.

Na questão das subsistOncias, deixe-me V. Ex.a dizer que o carvão que se está vendendo chegou por uma medida violenta, mas absolutamente necessária.

O carvão estava no Barreiro a ver se pegava de estaca.

O assunto foi tratado em Conselho de Ministros.

Os cavalheiros que tinham Csse carvão tomaram compromissos a que faltaram.

Tendo 6les declarado que não tinham transportes para trazer esse carvão para Lisboa, facultaram-se-lhes meios de transporte, mas não apareceram a levantar esse carvão.

Em Conselho de Ministros disse a minha opinião : que se fosse buscar esse carvão, quer Gles quisessem quer não.

Não era aceitável que eles quisessem muito maior preço invocando o aumento do que a lenha tinha encarecido, quando esse carvão afinal não tinha sido feito com a lenha ao preço que eles indicavam .

Mas, concordámos todos em que o Sr. Deputado João Gonçalves eleA7asse esse preço e elovou-o. Note V. Ex.a que o aumento era já em relação a um carvão que se devia fazer.

Como a função do homem público, quando está sentado naquelas cadeiras, é providenciar, nós estávamos dispostos até, se íôsse necessário, a ir buscar esse carvão, como se iria buscar qualquer outra cousa.

E nesta obra que nos devemos todos empenhar, e se não providenciamos desta forma, teremos a revolução da fome em Portugal no próximo inverno.

Sr. Presidente : b problema das subsis-t,ências está ligado, como todos os outros ao problema das finanças. É este o eixo em torno do qual gira toda a nossa situação económica e financeira.

Mas sejam de que natureza, forem as medidas tomadas em matéria de abastecimento, o que é certo é que se não tivermos a nossa casa arrumada em matéria

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de despesas, e não arranjarmos a base para o recurso ao crédito, que é em grande parte a tributação, iremos de mal a pior.

O próprio público pela situação em que se encomra a Fazenda Pública, já classifica a administração republicana de' crapulosa.

Eu já de uma certa vez disse que o País estava a saque.

Esta afirmação é facilmente compreensível para quem saiba analisar uma frase e conheça a criatura que a proferiu, vendo o quanto essa mesma frase siguifica e tem de verdadeiro. Quando eu disse que o País estava a saque, de maneira nenhuma quis declarar que a administração republicana tivesse culpa de conter gatunos quer se aplidem de republicanos, tal qula como se os actos deste ou daquele pudessem porventura empanar o brilho fulgurante da instituição tam nobre e alevan-tada como a República! (Apoiados).

Eu vou mostrar à Câmara, com. números, o que tem sido a administração republicana durante os quatro primeiros anos de República.

Nos quatro primeiros anos de adminis-, tração republicana, o desequilíbrio entre as receitas e as despesas foi de 600 contos a favor das despesas.

Lança-se contra o Partido Democrático a responsabilidade de todos os crimes cometidos. Até nisso são assambarcado-res!

Pelos documentos quê aqui tenho, verifica-se que em 1914-1915 houve uma diminuição nos impostos indirectos.

Quere isto- dizer que se não fosse a guerra e o cortejo de horrores que a acompanharam, esta •diminuição nos impostos indirectos não se teria dado.

Esses quatro anos também não envergonham a administração republicana. É bom que isto se afirme, mesmo para honra nossa.

Vejamos qual é o déficit de facto, o verdadeiro, o apurado.

Em Janeiro quando fui para o Ministério, declarei aos funcionários quê era vergonhoso para qualquer instituição, mais ainda para aquela que se baseie no regime democrático, nSo se publicarem as contas.