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Sessão de 30 de Julho de 1!>20

sua volta as mais revoltantes especulações por parte daqueles que apenas desejam a guarda republicana para garantir a tranquilidade das suas burras, mas que estão dispostos a repeli-la no caso dela ir arrancar-lhes o excedente daquilo, que elas legitimamente deviam ter.

Os Governos nunca se preocuparam cora a resolução dos complexos problemas da hora presente e é porisso que nós vemos com espanto a facilidade com que os homens públicos se julgam aptos a assumir as responsabilidades do poder e a salvar o País se os órgãos da soberania nacional lhes derem as necessárias condições de vida.

A guerra om Portugal, como em todos os países, teve o condão de dividir os indivíduos de cada nacionalidade1, os que bastante se sacrificaram pela sua cauça e os que em nada se sacrificaram. Em Portugal não só fez excepção.

Nós vemos que em Portugal a grande indústria, pequena e bem pequena que cia ó, o alto comércio, a grande lavoura, têm hoje, apesar das dificuldades enormes que segundo eles dizem, lhes têin sido criadas pelos Governos, têm hoje, repito, uma situação muito maior de bem estar que aqueles que têm não só os que se bateram mas os que tiveram de descer da classe média a verdadeiros proletários, e na altura em que os Governos necessitam do numerário preciso para fazer face às necessidades sempre crescentes dos Estados, é nessa altura, em que esses mesmos Governos fazem apelo de patriotismo a esses que com a guerra tudo lucraram, que eles, afirmando sempre uni patriotismo de que não deram mostras, afirmando virtudes de que são incapazes de dar provas, se recusam a dar à coletividade, ao bem geral, aquilo que podem dispensar do seu bem particular. .

Os povos egoistas vivem, podem viver a dentro do seu egoísmo, podem sacrificar, podem arrastar as suas vítimas até à miséria ; os homens egoistas a mesma cousa com Cies se passa, podem a dentro do seu egoísmo viver satisfeitos, inas o que eles esquecem, povos e indivíduos ò que mais dia menos dia a. hora da justiça que preside aos destinos dos povos como preside aos destinos dos homens Jiá-de colocá-los na sua verdadeira situa-

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cão, não na. situação de vencidos, porque não desejo situação humilhante para ninguém, mas na situação de lutadores pela causa do bem geral.

Portugal não fez excepção a esta regra.

Os exemplos que temos colhido do passado e do presente são duma eloquência demasiada para que eu tenha necessidade de, invocando-os, bordar considerações para os enaltecer.

Portugal atravessa nesta hora os momentos mais críticos da sua história.

Os problemas deparam-se-nos, Sr. Presidente, com uma grande complexidade, porque para nós lhe encontrarmos a solução, a solução mais adequada e conscn-tcânea com a lógica, nós temos de estudá--los com cuidado, com inteligência e com vontade de acertar.

Não há nenhuma solução lógica para qualquer problema que não seja produto de um aturado estudo, e Sr. Presidente, as soluções para as crises da vida dos povos não se resolvem, não podemos admitir que se resolvam por virtude do acaso, por virtude da sorte.

O problema da carestia da vida apresenta-se-nos com mais complexidade, do que se apresenta-em outros países; dificuldades sem número a vencer, tanto da parte dos governantes como dos governados, e dos governados, sobretudo porque não• vendo governantes que se empenhem em resolver esse problema, vivem num estado de excitação, origem de todas as revoltas, origem de todos os nervosismos que podem traduzir-so em revolta.

Sr. Presidente : em Portugal, neste momento, os governados estão na pior das situações.

Em Portugal como em todos os países, o problema dos salários está intimamente relacionado com o problema da carestia da vida, e foi assim que nós, Partido Popular, quando nesta Câmara se discutiu o problema dos aumentos das tarifas dos caminhos de ferro, expusemos a situação e fizemos a afirmação de que embora esses aumentos fossem justos, iam contribuir para o agravamento da vida.

Atisim foi e assim será.