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Sessão de 30 de Julho de 1920

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Apesar de, por virtude dum certo número de coeficientes perturbadores que S. Ex.a não enumerou, ter-se feito em torno da importação de carvão com a assistência dos poderes públicos, uma especulação enorme, lesando a economia nacional e iniciativas particulares, esqueceu-se S. Ex.a de colocar à frente de todos esses coeficientes a í ai ta de conhecimentos com que os Governos até hoje tom tratado da questão dos carvões.

Seria interessante averiguar, Sr. Presidente, e por étapes, quais as razões, e algumas delas devem estar exaradas em documentos oficiais, da alta dos carvões em Portugal. Poder-se-ia destacar o papel patriótico, o papel de cooperação com os Governos que têm tido muitos desses elencos, que, fazendo lá fora campanhas •contra o Parlamento e contra os homens públicos, todavia não se esquecem deles para lhes pedir a necessária assistência para a criação de situações lesivas da •economia nacional. O caso dos carvões, e S. Exa o Sr. Presidente do Ministério melhor do que eu o sabe, ó um desses •casos típicos.

O Estado, Sr. Presidente, nunca fez o •controle das aquisições de carvão como nunca fez o controle da importação de mercadorias, feita por vezes com a assistência dos poderes públicos, a favor de particulares, que depois as vendiam ao 'Estado.

Bom era que casos destes, como o do •carvão, como o da folha de Flandres e algodão, fossem escalpelizados e postos a nu, para que o país visse quais eram os patriotas que estavam dispostos a transigir nos seus interesses em favor do Espado.

O problema da manteiga é outro caso típico, e certamente o Sr. Presidente do Ministério não desconhece que ela existe -«m abundância nos Açores.

O Sr. Presidente do Ministério e Minis-~tro da Agricultura (António Granjo): — Ignoro tudo! . ..

O Orador: — V. Ex.a diz isso com uma •certa ironia, mas, se V. Ex.a se dispensa de apresentar os documentos comprovativos da sua ignorância, eu, rebuscando no

passado 8 no presente, talvez os trouxes-

se aos olhos da Câmara, para que ela os visse.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro da Agricultura (António Granjo): — Recebo sempre, humildemente as lições de V. Ex.a!. . .

O Orador: — A V. Ex.a Sr. Presidente e ao Sr. Presidente do Ministério com a minha grande ou pequena ignorância, confesso que, se eu conhecesse apenas aquilo que S. Ex.a mostra conhecer, eu não teria o atrevimento de sair do meu lugar de Deputado para ir sobraçar a pasta da agricultura.

Mas, dizia eu, Sr.-Presidente, que nos-Açores existe um stock enorme de manteiga que podia, se porventura os poderes públicos estivessem dispostos a agir no sentido de dar solução ao problema, vir atenuar a crise.

Até hoje não se pensou nisso, como se não pensa nunca na-solução de qualquer problema grave, senão quando lá fora está iminente uma onda de revolta que. seja capaz de subverter os homens públicos.

O problema dos trigos, esse é-, e pela trajectória que'tem seguido, um dos exemplos mais frisantes da incompetência go-vernativa.

Faltava-nos trigo, a nossa produção nacional não chegava para o consumo, tinha de se importar trigo; sabiam, porventura', as estações oficiais a quantidade de trigo necessária?

Estou convencido que hoje sabem tanto como ontem, que é nada.

O regime de contrato adoptado pelo Governo foi tudo quanto houve de mais pernicioso para a economia nacional.

A situação deste momento, e pelo que diz respeito a trigos j tem a sua justificação principal no. processo pelo Governo seguido para aquisição de trigos.