O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

28

cialmente perturbadora porque o Estado longe de criar as possibilidades de obtenção de géneros e sua distribuição, tem pelas suas medidas coercitivas, regulamentares até a minúcia, destruído por completo os laços que fazia com que houvesse uma série de criaturas que só dedicam a ser intermediárias entre o produtor e o consumidor, e não podendo o Estado substituir-se inteiramente a esses intermediários, tem feito com que estes se afastem, o que 'provoca graves complicações,, aumentadas com tabelagem de géneros irreflectidamente feita, e ainda com «ssa máquina de fiscais e autoridades que tudo mandam em subsistências, sem nenhum deles mandar nada.

Qual a razão por que, tendo nós hoje uma tonelagem, que nunca poderíamos sonhar ter, tendo numerosas carreiras para as nossas colónias, como nunca tivemos, e havendo nas colónias em quantidade enor-míssima' muitos géneros de que necessitamos, os barcos vêm quá>i vazios?

O Governo adquire, em regra, directamente em África, pelo menos em Moçambique, 90:000 sacos de milho, por exemplo, e manda-os despachar para o porto; adquire outras 90:000 toneladas e manda-as guardar nos cais de. embarque, e ao mesjno tempo proíbe a exportação de todo o milho para qnalquer parte que não seja a metrópole.

Como não há transportes, e o Governo não os garanto, o milho apodrece nos cais •de Lourenço Marques e da Beira.

Sucedeu que o comércio de milho do interior, que se gerou unicamente,, com a guerra, levando o, indígena a produzir mais milho por saber que tinha fácil colocação, desde que aquele facto se repetiu, deixou de fazer esse comércio,

Esse mal, que nesse momento desapareceu, traduziu-se num mal maior, que se fará sentir por muito tempo, qual é o de ninguém querer, sob condições que não conhece, trazer milho das colónias para a metrópole.

Em vez do que se fez, devia-se ter dito aos governadores que a metrópole carecia de tal quantidade de milho e que por isso eles ficavam obrigados a mandar por cada navio que das colónias saísse para aqui, t; nta^s toneladas daquele produto até o quantitativo que fôsse fixado por total.

Diário da Câmara dos Deputados

Assim o milho seria comprado na ocasião em que houvesse .navios para o transportar, evitando-.se.prejuízos para o produtor e para o Estado.

O que digo para milho serviria tam-bêin para o açúcar.

Todos se recordam de que em Lisboa se levantou uma campanha contra mini, que então estava em Moçambique, como governador, a propósito do abastecimento de açúcar à metrópole.

Fora proibido que do Moçambique se exportasse açúcar para qual quer parte que não fôsse Lisboa.

' As fábricas ali produziam umas 25:000 toneladas de açúcar, quantitativo que hoje deverá elevar-se a 30:000.

Os navios quo por lá passavam eram quando muito na quantidade de um por cada mês. c

Com um tam restrito número do carreiras, não foi possível durante um ano, mandar para a metrópole todo o açúcar que a ela se destinava.

-Sucedeu pois que, chegado o tempo da nova colheita, os produtores se encontra-' ram na embaraçosa o prejudicial situação de não terem onde meter essa nova colheita.

Não podiam fazer, novos armazéns porque teriam .de ser bons e bem leitos c consequêntemente saíam muitíssimo dispendiosos.

Tinham de seguir um de dois caminhos : ou diminuir a produção das fábricas ou exportar para alguma parte o género que já não. podiam armazenar.

Foi em face desta situação que eu autorizei que todo o açúcar que excedia o quantitativo exigido parai a metrópole, fôsse para o estrangeiro.

Mas há ainda um ponto que é importante.

Os preços garantidos pelo Governo, para o milho e para o açúcar, não cobrom sequer as despesas da produção. .

Tanto o milho, como o açúcar, obtêem preços superiores em Louronço Marques.

O açúcar 'chega a atingir, ali, o preço de l$20 por cada quilograma.

. Evidentemente que não se pode pagar um quilograma do milho ou de açúcar, por um preço inferior ao custo da produção.