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Sessão de 3 de Agosto de 1920

Aquilo ostá na posse do companhias, e os pretos são apenas os escnivos. j O branco ó ainda o seu senhor!.. .

Sr. Presidente: as colónias querem ser portuguesas, mas querem quo Portugal olhe para elas com carinho, como lillias, como irmãs e não como enteadas.

Eu disse que nós continuamos a con-servr as colónias na escravidão. E assim é, porque só escravos podem actualmente ser aqueles povos que a sociedade teima em não civilizar,, educar o instruir.

Nós tratamo-las como dominadas, como submetidas, como conquistas, descurando os seus mais sagrados interesses: nem direitos, nem regalias, nem escolas, nem estradas, nem cais, nem vias aceleradas. Nada. j Só o abandono e a exploração t

Senão vejamos, por exemplo, uma iniquidade entre muitas: a desigualdade civil!

Abra-se a Carta Orgânica de Angola— decreto n.° 3:621 de 28 de Novembro de 1918.

O artigo 259.° estabelece o seguinte:

«Todos os indígenas de cor, naturais da província do Angola e de maior idade, poderão entrar no pleno uso dos direitos civis e políticos, inerentes aos cidadãos portugueses, quando satisfaçam as condições seguintes:

Saber ler e escrever a língua portuguesa, e possuir qualquer arte liberal.

Possuir os meios necessários à subsistência das suas famílias, ter atestado de bom comportamento e não.seguir os costumes dos seus patrícios».

j Veja V. Ex.a as condições-que nós queremos para que o filho de Angola possa exercer as funções de cidadão!

j Possuir meios de abastecer a família... ter atestado de bom comportamento !

Isto é"pasmosol

j Ser-lhe há também preciso saber ler," escrever e possuir uma arte!

Aplique-se isto a Portugal. .

Analfabetos impossibilitados de tirar atestado de bom comportamento, e sem meios para sustentar a família:

Os nossos indígenas , '. . - 4.130:000 Sabendo ler e escrever (os

o.idadãos)........ 1.770-000

População . . . . 5.900:000

Isto é só uma lei para enteados.

Sabor ler o escrever!

Quantos analfabetos temos nós por essas repartições públicas. A mini já metem vindo pedir, julgando que eu disponho dalguma influência junto dos homens-quo se sentam naquelas cadeiras, já metem vindo pedir, digo, para lhes servir do empenho para um emprego público.. Eu pregunto:

-—á Então tu não tens um ofício? j Vai trabalhar que é mais digno e proveitoso-do quo tornares-te parasita!

Há muito funcionário que só sabe ir buscar o recibo, sem conhecer ao menos onde está a sua carteira.

O Sr. Manuel Fragoso: —Muitas vezes nem a têm!

O Orador:—Diz S. Ex.a muito bem. Muitas vezes nem a têm.

Também não se consente que os cidadãos de Angola sigam os exemplos e costumes-indígenas. Por exemplo, o fllho de Angola limpa muito os dentes. jNão é cidadão só continuar a fazê-lo!

Pois se nós tivéssemos este costume indígena não teríamos tam más dentaduras.

Bem sei que alguns, em África, se besuntam com azeite de palma e fazem uso-de feitiços. <_ p='p' a='a' são-eles='são-eles' culpa='culpa' quem='quem' tem='tem' mas='mas'>

Se nós todos fôssemos ilustrados nem os Altos Comissários tinham razão de existir.

O pior, sobretudo, ó a desigualdade em que insistimos, como déspotas, em manter as províncias ultramarinas, pérolas que só continuam inferiores pela nossa vista incompetência para nos integrarmos na moderna orientação.

E necessário que tenhamos muito cuidado a fim de evitar que o património ultramarino nos seja expropriado por utilidade pública o sem nos deixar nem um resto de vantagens, a não sdr a efémera memória do passado.

Temos bastantes exemplos dos perigos que nos assediam.-