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Sessão de 16 de Agosto de 1930

tros, deixar importar quem está habituado a fazê-lo, procedendo mesmo como a Inglaterra, que, durante a guerra, proibiu expressamente que quaisquer criaturas que anteriormente não negociavam em determinados produtos neles interviessem, tendo posto em prática a doutrina que eu tanto defendi no Parlamento e até em Conselho de Ministros— de que o Estado, em alguns capítulos, deveria sor o único importador, embora não distribuidor, entregando os artigos por ele comprados a determinadas casas que nesses artigos negociavam e dando-lhes uma percentagem não superior a 10, porque entendia que esses 10 por cento representavam na ria-lidade uma importância muito maior, pois que não havia imobilização de capital e, como tais casas transaccionariam séries sucessivas de encomendas, poderiam auferir no fim do ano não apenas esses 10 por cento, que, dadas as circunstâncias, talvez fosse insignificante, mas 40 ou 50 por «cento.

Evidentemente, tudo isto seria cercado das necessárias cautelas e responsabilida-des, e, se se tivesse procedido como eu pensava, os preços dos géneros em Portugal seriam muito menos incomportáveis do que hoje o são.

Relativamente a legislação cambial, tôm-se passado cousas extraordinárias.

Só crianças de mama ó quo, por exemplo, acreditariam bastar um simples decreto obrigando certas criaturas a entregar ao Estado tantos por cento do resultado das suas vendas em ouro para se resolver o problema; só crianças de mama é que, em matéria tam juvenilmente tratada, não veriam logo que o resultado seria apenas o Estado ficar iludido por essas criaturas em relação às quantias re-«ebidas, porque eles deixariam fatalmente no estrangeiro parte do seu numerário, de modo a poderem fazer novas importações. Então, quando parte das forças vivas saiu da sua função bancária para proteger negócios inconfessáveis (Apoiados)

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Para o estrangeiro levaram os seus assalariados, homens ou mulheres, todas as quantias que eram necessárias para a especulação, e para Inglaterra mandavam cartas, cavando a ruína deste país, adulterando tudo o procurando promover a sua intervenção em Portugal, isto para deitarem a terra com toda a legislação feita e para fazerem depois passar a fronteira tudo quanto lá fora tinham adquirido. (Apoiados). Se esses organismos, que eu vejo agora a preconizar o empréstimo, não tivessem praticado tantos crimes do lesapátria, não se encontraria agora na angustiosa situação em que se encontra a economia nacional. (Apoiados).

Há homens honrados entre as forças vivas, e eu conheci alguns; mas a verdade ó que a maioria tem praticado toda a sorte de latrocínios impunemente, porque alguns homens que naquelas cadeiras se tom sentado conheciam os, mas não os puniam. Não me importa que me acusem, desde que o façam com as palavras que aqui profiro, e talvez mesmo tenha-chegado o momento de se citarem nomes.

Conheço bem toda essa malta, e não tenho receio de que ela procure saltar-me às canelas.

Um indivíduo, que tem o seu estabelecimento na rua do Ouro, confessou que no ano passado ganhou apenas 900 contos. E querem V. Ex.íls saber quanto pelas suas transacções esse indivíduo deu para os cofres do Estado V—-Um conto! E este era dos que mais berrava contra a proposta dos lucros de guerra.

Como não desejo que o Estado venha a importar ou a exportar por intermédio de alguns negociantes, que só têm procurado servir os seus inconfessáveis interesses, e como quero já registar as minhas palavras para na devida oportunidade poder tornar a usar delas, ó por isso que não concedo créditos ilimitados a ninguém, como, aliás, os não concederia a mim próprio, se me pudesse dividir em dois.

Em tempos, uni homem que teve uni jornal, chegou ao mou gabinete e pediu--me que lhe mandasse pagar qualquer trigo ou farinha que lhe tinham apreendido. Neguei-me terminantemente, mas o homem voltou à carga, e eu resisti como devia»