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Diário da, Câmara doa Deputados

E que eu quero a Eepública prestigiada

e.

O Sr. João Camoesas : — A Rc-pública só se desprestigia quando se encubram abusos, ti V. Ex.a queria oucubri-los.

O Orador: — j P!u não encubro n;ida! Digo, e repito, que do fundo da minha aluía vem o pesar de ter de me referir a estas misérias passadas no Hospital de Santa Alarra, ao qual já se chama hotel de Santa Marta.

O Sr. João Caiioesas:—Entendo que a República só se desprestigia encobriu-do-su quaisquer abusos. Se os há, o decreto do Sr. Ministro do Trabalho não os castiga e, portanto, encobre-os. Visa unicamente a acabar com urna prática que considero justa e necessária.

O Orador: — Lá chegaremos. Por agora estou na história dos factos.

E a força do hábito. O médico organiza primeiro a história do doente, ouvindo-o sobre o que êl« teve e sobre o que tiveram os a\ós e a tia... (Risos.} Depois é que trata do doente.

Mas, prossigamos.

Vejamos o que diz o Sr. Dr. Azevedo Neves na carta que publicou.

A atitude de rebeldia da parte dum director do Faculdade, que foi Ministro da República, merece o mais severo castigo.

O decreto é assinado pelos Srs. Ministros do Trabalho e do Interior. Aquele é o Sr. Lima Duque, cuja honestidade todos nós conhecemos e cuja folha de serviços ó das mais brilhantes. O outro é o Sr. Alves Pedrosa, pessoa por igual digna de todo o nosso respeito e de cujo republicanismo se não poderá duvidar. São ambos pessoas incapa/es de praticar qualquer acto ilegal. (Apoiados).

Alega-se que em Santa Marta se fazem trabalhos scientíficos. Ora eu pregunto se nos hospitais .civis, .como o de S. José, não se fazem t/imbôm trabalhos de invés tigação scientífica! No laboratório daquele hospiial fiz eu, sob a sábia direcção do Sr. Dr. Azevedo Neves...

O Sr. Presidente: —Pedia a Y. Ex.a para reduzir as suas considerações.

O Orador: — Eu vou tentar reduzi-las, mas estas cousas têm de se dizer. •

Vozes: — Fale, fale.

O Orador: — O Sr. Dr. Azevedo Neves, que teve utn curso distintíssimo e que foi estudar à Alemanha, sabe muito bem que depois da sua vinda e devido , a S. Ex.% se montou o laboratório de análises clínicas que hoje temos, e onde estudei com S. Ex.a, sem nenhuma remuneração por isso. Sabe S. Ex.a também que PU fui em comissão gratuita, paga por niim, estudar à Alemanha e à França. Não recebi subsídio algum e montei um laboratório p'ara os estudos da cura do "cancro por meio da luz. E se o resumo dos meus trabalhos não está publicado, e se encontra numa gaveta, é porque eu não sou rico, o isso importava-me ao tempo em GOOó, que me faziam falta para sustentar a família.

Fiz também, gratuitamente, e a instâncias do Dr. Azevedo Neves, a quem não me canso de render homenagem pelo seu saber, o estudo da peste, da lepra pela luz, e sujeitri-me a ser contagiado, pois se provou que a lepra é contagiosa, simplesmente é mais lenta na sua evolução que outras doenças conhecidas. Levei ciuco anos, por ordem do Dr. Azevedo Neves, fazendo experiências sobre a lepra, e, cousa curiosa, nesse tempo ainda não se usavam, as luvas de cauchu, e o sangue dos doentes podia ter infectado as minhas mãos, ;Mas, se morresse, morria no meu posto!

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E esse trabalho continuei-o no Hospital de S. José.