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•Sessão de 12 de Novembro de 19SO

Em matéria de fornecimentos do Estado, não - só em relação aos Transportes Marítimos, como em relação a outros departamentos da administração pública, sei que, se fôssemos analisar minuciosamente as cousas, teríamos de desfiar perante a Câmara uma triste e ennovelada meada, teríamos de apalpar muita cousa

Chega a dizer-se que a forma complicada como caminham os serviços relativos a fornecimentos não é mais nem menos do que a maneira de, desviar destes -as pessoas habituadas 'alterem as suas contas direitas.

Assim a parte melhor dos fornecedores está impossibilitada de concorrer aos fornecimentos do Estado.

Se há uma máquina do Estado que impossibilita em matéria'tam delicada como a de fornecimentos, que os fornecedores mais honestos concorram às adjudicações •do Estudo, essa máquina necessita de reparação e se, porventura, nem com uma reparação ficar boa, então deve ser posta de lado.

Esta balda rião ó só do Estado português, não é só da República, não ó só mesmo do passado monárquico, é velha em colação ao passado burguês, a história do atropelo em mataria de fornecimentos.

Estão na memória de todos e seria ocioso recordar aqui os factos a tal respeito, alguns dos quais, pelas suas proporções, chegaram a ser registados nas próprias páginas da história.

Mas,, Sr. Presidente, atravessamos, aeste momento, uma era em que um grande e extraordinário conflito está posto nas sociedades do nosso tempo.

Esse conflito põe-se entre um Estado velho, paralítico, onde o esforço dos seus agentes parece estar organizado para não render, e diferentes grupos sociais qtie vão aparecendo nas sociedades e que alcançam prestígio porque dispõem os esforços dos seus elementos individuais ©m ordem ao mais alto rendimento deles, sobretudo, porque, como, por oxomplo, su-•code nos sindicatos de operários, como, por oxomplo, sucede nas organizações Industriais, Bâo orgarnsmoa dispostos cm

| ordem ao mínimo desperdício de esforço, | dispostos em ordem à-atenção do máximo i rendimento.

j À medida que essas categorias sociais j crescem e se defrontam com o Estado, não djgo já velho, mas em decomposição— assim sou mais preciso e-verdadeiro — o conflito aumenta.

É que os serviços públicos são mantidos e dirigidos de maneira a intensificar as 'dificuldades, 'de tal sorte qne quando alguém pensa tratar de quaisquer assuntos com o Estado, quer para lhe fazer, qualquer fornecimento, quer para obter dele a satisfação duma forma legítima de exercer determinada actividade, põe as mãos na cabeça, porque a breve .trecho verifica que se vê forçado a perder no caminho das repartições públicas todo aquele tempo que, aplicado à sua actividade, renderia quantidades magníficas em utilidades de qualquer ordem e de interesso imediato.

Este é o grande conflito do nosso tempo, repito.

Por toda a parte onde há homens políticos de acção, porque são homens de saber, em presença dum tal conflito, se procura adaptar o Estado às condições modernas.

Assim sucede na Inglaterra e na América do Norte.

Nós, neste momento, estamos assistindo a um aspecto, interessantíssimo para o nosso Estado, desse conflito.

Interessantíssimo, digo, porque diz respeito .à utilização dum serviço importante, como seja o dos transportes marítimos.

Chega a revoltar-nos, que possuindo nós os melhores instrumentos e»os melhores operários metalúrgicos, o Estado tenha de socorrer-se para conserto o reparações de navios, de pequenas oficinas, cuja capacidade de laboração quási não justifica os débitos de que se arrogam credores do Estado os sons proprietários.

O Sr. Presidente: — ^V. Ex.a dá-mo licença P

Deu a hora de passarmos ;\ ordem do dia.

Se V * Ex.a 'dosoja, ou rcservo-lhe a palavra pura a próxima sessflo.