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Sessão de l» de Novembro de 1020

Govômo dar um conselho ao país e acrescentei que, pelas funções que exerço, podia apreciar os últimos factos políticos, declarando que se tinha verificado pelo Governo Sá Cardoso que os próprios Governos partidários não encontravam a precisa solidariedade nos seus correligionários para cumprimento da sua missão. Continuando na apreciação dos factos políticos, eu 'acrescentei que os Governos de concentração não encontravam igualmente a solidariedade indispensável para os Governos terem a estabilidade necessária. Se um Governo de concentração é constituído por elementos da direita, as esquerdas, ou por instinto ou por conveniência partidária, regateiam-lhe o seu apoio e por isso o que se dá a esse Governo não é o suficiente, para a sua estabilidade.

. Se um Governo de concentração ó formado pelas esquerdas, as direitas fazem a mesma cousa.

O que disse, voltando-me para o Sr. Tavares Ferreira foi que é indispensável que ao menos desta vez Governo e Parlamento se unam para que possa haver estabili-dade.

Sr. Presidente: pregunto a V. Ex.a e a todos que me ouvem deste lugar, se aquilo que eu disso em Santarém não está na consciência de todos os políticos de Portugal.

Vozes:—Apoiado.

Outras vozes:—Não apoiado.. Apartes.

. O Orador: — As minhas expressões foram desprendidas de interesses partidários e políticos, para apenas atender aos interesses da, Kepública e da Pátria, que todos dizem sorem sagrados, e eu digo igualmente que são sagrados e a que presto a devida homenagem.

Ilá ainda uma parto -do discurso do Sr. António Fonseca, que me obriga a algumas palavras mais. E a parte em que S. Ex.a diz que eu quis tirar a S. Ex.a a autoridade de ter entrado num debate que, porém, já findou,e ainda noutros debates sObre os meus actos.

Sr. Presidente: durante o debate sobre-os contratos eu fui cauteloso ô não proferi uma palcvra que pudesse fazor deri-

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var o debate para uma questão pessoal ou política.

Ninguém me negará a coragem de dizer sempre o que entendo. O que eu disse cm Santarém é o que tenho dito em Lisboa, e o que disse em Santarém é a verdade do que eu sinto.

Não proferi neste debate palavra alguma que o acirrasse, nem quero tirar autoridade a ninguém," e muito menos ao Sr. António Fonseca, a quem me ligam relações de amizade não desmentida com factos, tanto mais que o Sr. António Fonseca é uma das figuras mais acreditadas do Parlamento.

Não quero tirar autoridade ao Parlamento, nem a ninguém, mas dou licença a toda a gente para que ma tire a mim se é capaz.

Neste lugar tenho de respeitar as conveniências, mas sinto que ó uma obrigação dos homens que estão no Poder ter de zelar a dignidade do país, a dignidade da sua posição e até a sua própria dignidade pessoal.

O homem que. neste lugar não, saiba zelar a sua própria dignidade pessoal não dá garantias de que saiba zelar a dignidade do Estado e dos seus concidadãos.

Tenho bem a concepção dos meus sentimentos e dos meus actos.

Nunca nesta Câmara faltei ao decoro e à verdade que lhe devo, e fora do Parlamento nunca faltei a os se decoro e a essa verdade, mas reivindico para mim a liberdade da apreciação dos homens e dos factos.

O orador não reviu,

O Sr. Cunha Liai:—E assim mesmo que gosto de ver os homens,: claros e francos, apreciando os factos e tirando as suas consequências.

Ato aqui o respeito que devo à Câmara, o respeito que devo aos homens que se sentam naqueles lugares, sejam quais forem, e o respeito que devo á Kepública têm obstado a que aproxime factos. (Apoiados},