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Diário da Câmara doa Deputados

Sr. Presidente: vou terminar porque não quero, para honra da República, arrastar este debate.

De facto, os homens públicos em Portugal anavalham-se como feras, mas o facto de uns atacarem os outros não dá direito aos outros de equipararem as suas feridas anavalhadas.

Estamos aqui a servir a República e acima da Eepública a Pátria porque eu não sou daqueles que subordinam a idea da Pátria à República.

Estou aqui no desempenho dessa missão. Se um Governo se apresentar com medidas de largo alcance, trabalharei a seu lado; se, porém, lançarem dali contratos como os do trigo e do carvão eu direi que servem mal os interesses da Nação.

Dos últimos Ministérios que ali se têm sentado nenhum trouxe urna idea salvadora a esta Cílmara, nenhum deles teve as palavras que é preciso ter nesta época que exige energias, não houve um Governo que dissesse as palavras que é preciso dizer, palavras serenas, palavras de confiança.

Ponhamos a Pátria e a República acima do tudo, digamos o mea culpa, reconheçamos n nossa incompetência, 118.0' tonha mós a coragem de, sem competência, nos sentarmos nas cadeiras do Governo, nas quais só deve haver lugar para os competentes.

Então os homens terão autoridade para falar ao país o essa autoridade agora falta-lhes.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro da Agricultura (António Granjo): — Não quero fazer renascer uma questão moral, mas não me eximirei a dizer algumas palavras sobro as considerações do Sr. Cunha Liai.

Agradeço o pouco ou muito que nas pnlavras de S. Ex.!l possa haver de justiça para as minhas intenções. Agradeço muito mais o que haja de crítica aos meus actos.

Considero-me urn homem honesto e considero os outros, até prova em contrário, tam honestos ou mais do que eu.'Não tenho dúvida nenhuma om reconhecer que o Sr. Cunha Liai ó mais honesto do que eu.

Lembro-me, e é provável que alguns dos Srs. Deputados se lembrem também, de que, discutindo-se nesta Câmara a questão da moagem, S. Ex.a nos revelou que em certa altura, num corto corredor, um homem da moagem o tinha querido comprar, ao que S. Ex.a respondeu como devia.

Interrupções.

c O Orador:— Não sei se digo a verdade.

O Sr. Cunha Liai: — Tenha nas suas palavras aquela cautela que eu tive nas que pronunciei.

O Orador: — Lembro-mc de que S. Ex.a contou um incidente semelhante a este. Trocam-se apartes.

O Sr. Presidente:—Peço a atenção da Câmara.

O Orador: — Sr. Presidente: quanto ao mais, o pouco que tenho a dizer é muito simples.

Tenho em mim mesmo a confiança de que a Nação me faz a justiça de não acreditar em quem quere que seja que me acuse de desonesto.

Outro tanto não sucederá a certas pessoas que por mais que digam a seu favor ninguém as acreditará.

Vozes:'—; Isto ó fantástico! j Não se pode admitir!

O Orador: — Estas afirmações são de carácter geral, não se referem a iiinguôm. Vários apartes. Sussurro.

O Orador: — Não há nas minhas palavras a mais pequena intenção de me referir a qualquer pessoa desta Câmara.

Grande sussurro.

O Orador: — As palavras proferidas por mim, aqui, ou em • outra qualquer parte, ninguém tem o direito do lhes dar um significado que elas não têm! São afirmações de ordem geral, que tenho o direito de pronunciar como Deputado. •

Apartes.