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• Diário da Câmara dos Deputados

Estamos a 8 de Dezembro de 1917. Triunfa Sidóuio Pais, tendo ao seu lado alguns velhos republicanos, de qunm sou amigo pessoal-, e com alguns dos quais não rompi a minha amizade. Reh'ro-me a Carlos Pereira, velho republicano e oficial da armada; refiro-me a Mário Mesquita, meu companheiro na Escola Politécnica; refiro-me a Jorge Botelho Moniz, companheiro da Federação Académica de Lisboa.

Eu estava dentro do Partido Democrático, numa situação que me permitia, porventura, uma .certa liberdade.

Era um revoltado. Tinha tido dares e tomares com o Sr. Afonso Costa,

Muitos dos nieus correligionários, qne já o não são hoje, olliavam-me de soslaio, como que sendo um traidor partidário.

Rebentou o 5 de Dezembro. Em 8 de Dezembro, na hora em que o actual Sr. Ministro das Finanças mandava um telegrama de França cumprimentando Sidóuio Pais — e não considero S. Ex.a menos republicano por isso, visto que para muitos Osso movimento era tiuo como uma solução para a marcha, da Repú blica—eu, que não me enganei e porque queria cumprir um dever de lealdade, eu, que tinha estado com o Sr. Aíonso Costa, embora revoltado, nas horas tranquilas, nEo quis deixar de estar com ele na hora da derrota.

Nunca invejei uingnôm.

Nunca pretendi atropelar ninguém no caminho da sua glória.

Apenas quero ter a vaidade pessoal de quem procedo sempre com coerência, com lealdade, subordinado aos sãos princípios duma moral que ó a minha honra.

Não é necessário ir mais longe.

Os homens não valem pelas palavras; valem polo* actos.

Sr. Presidente: para em tudo sor absurdo neste debate, até se quis ver na minha moção aquilo que ela não contem.

Disso-se que a minha moção atinge ' S. Ex.a o Sr. Presidente dá República.

,; Então já não há nesta Câmara quem saiba ler a língua portuguesa V /,Não há aqui quem saiba inlorpvtar as palavras propositadamente escolhidas num simples arranjo para não equivocarem ninguém?

Fala só na moção da organização dum MmistériOj não se fala da sua nomeação.

Ora a nomeação é que é atribuição do Sr% Presidente da Republica.

E só isso que Já está, e se lhe atribuem outra cousa,- - a responsabilidade é de quem trouxe à discussão a veneranda figura do Sr. Presidente da Republicai

Tem-se dito que no regime da República um Governo pode viver sem maioria no Parlamento; mas, se se pode viver som maioria, porque caiu o Governo do Sr. António Granjo e caíram os anteriores Governos nessas condições ?

Diz-se que ôsses Governos caíram porque já tinham dado as suas provas.

Devo dizer que esta razão não serve para o Sr. António Maria da Silva, quo caiu sem essas provas, e que, se a memória não me atraiçoa, um dos grupos que o derrubaram faz parte do actual Governo.

Não insisto neste ponto, e só quero dizer que tendo sempre os Governos vivido com maioria, se agora um Governo quisesse estar no Poder sem essa maioria, seria um Governo que queria provar que o Parlamento pela sua acção era incapaz de desempenhar a sua missão.

Mas então diga-se com franqueza que o Parlamento não pode realizar a sua missão, o não se venha dizer quo o Governo pode viver sem maioria.

Dentro da República parlamentar o Governo não pode estar na mão do primeiro grupo de audaciosos que escalem o Poder.

Ponho a questão clara e por ela só tenho a dizer que tenho feito pela República todos os sacrifícios, mas que só um não farei.' qne é o da minha diguidade.

Tenho dito.

O rliscvrso será publicado na integra reristo pdo orador, quando rrstifuir, revistas, as notas taquigráficas' que lhe foram enviadas.

O Sr. Presidente:—Não está mais ninguém inscrito. Vai proceder-se à votação das moções.