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Diário da Câmara dos Deputados

\ Rejubilo por ver que desse lado da Câmara são aplaudidas as minhas palavras, porque quando um desses republicanos quis ser eleito pela sua terra, aqueles que queriam votar nele foram ameaçados de serem irradiados do Partido Republicano Português!

Agatão Lança, ao chegar ao Rato, uma granada feriu-lho a mão que empunhava uma pistola; então Lança passou a pis-" tola para a outra e continuou cambatondo intemeratamente, e só depois do não mais se poder ter do pó.ó que recolheu ao hospital. Pois ali mesmo não cessaram as perseguições; sua irmã foi insultada por um enfermeiro o, para mais irrisão, foi 'castigada por ter dirigido palavras de censura a osso enfermeiro.

i Quero saudar todos os heróis, militares e não militares, que durante o sido-nismo sofreram em África .cruéis perseguições tendo alguns ali ficado mortos!

Õ orador não reviu.

O Sr. Afonso de Macedo.: — Sr. Presidente : quero prestar as minhas homenagens, em nome do Partido Republicano Popular, àqueles a quem eloquentemente se referiu o Sr. Leoto do Rego. Disso S. Ex.a, e muito bem, que a luta não foi apenas entre republicanos, mas que de uni lado estavam os patriotas o do outro os que faziam a propaganda contra a guerra nos .regimentos, criando uma atmosfera propícia ao- que se chamou a revolução do 5 de Dezembro.

Não posso também esquecer nesta hora essas grandes figuras que se bateram no largo do Rato; quero referir-me ao heróico comandante- Afonso do Corqucira, ao valoroso republicano e clisticto oficial Armando Lança, a Sá Cardoso, Joaquim Ribeiro o. todos os outros que o Sr. Leote do Rego citou. Vi bem a galhardia com que se bateram, senti bem a fé republicana que os animava nessas horas de luta batendo-se' apenas pela salvação da honra nacional; é que lá fora, em França, batiam-se portugueses pelo direito, pela liberdade e pela justiça; o mesmo sucedia em África; o cA dentro produzia-se um movimento do traição que manchará para sempre a nossa história.

Sr. Presidente: associando-me, pois, com o maior entusiasmo às palavras do ilustro parlamentar Sr. Louío do Rogo,

peço a V. Ex.a que consulte a Câmara sobre se permite que se lance na acta um voto de sentimento pelos que morreram lutando contra Gsso movimento e ainda para que seja enviada uma saudação aos Srs. Afonso de Cerqueirã e Armando Lança.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. João Camoesas : — Sr. Presidente: a vida social portuguesa decorre, neste agitado período de transformações, por vezes duma forma tão inverosímil e surpreendente que, sobretudo, pelo que diz respeito à significação das pessoas e dos factos, se formam ideas, se formam sentimentos absolutamente menos verdadeiros, e há como que uma espécie de obscurecimento de memória que faz com que as pessoas, mesmo aquelas que menos ignorância podem alegar, se esqueçam facilmente da mecânica, da dinâmica desses processos, desses sistemas. Ocorrem-me estas considerações porque, a três anos do movimento de 5 do Dezembro, a três anos da implantação em Portugal dum consulado do terror o perseguições que pretendia impor à .Nação uma maneira política fantástica o artificial, inteiramente desprovida da realidade dos factos, só porquo a uma minoria, mais ou menos audaciosa, só antolhava conveniente essa implantação, a três anos de tudo isso vivemos em Portugal, o sobretudo na política portuguesa, como se tivessem passado trôs enormes, três formidáveis séculos. Continua a agitar-se dentro da política portuguesa a idea fantástica de que enfermou todo o movimento sidonista, de que ó possível fazer partidos artificialmente, a dentro do Terreiro do Paço, utilizando uma máquina herdada dá monarquia que existo no Ministério do Interior e destinada à falsificação da soberania nacional.

j D Sr. Leoto do Rego foi um dos últimos combatentes e a primeira vítima; mas não esqueçamos, porém, os humildes, os anónimos que empaparam do sangue vários pontos de Lisboa, sacrificando a sua vida pela República, mas, fazendo um sã- • crifício, infelizmen e, inteiramente dosa-, proveitado!