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Diário da Câmara dos Deputados

o nome do comandante Carvalho Araújo, essa .figura de republicano que nobilitou a raça portuguesa.

Depois de Monsanto, para ser entendido o sacrifício de todos os que morreram, para ser entendida a valentia de todos os que se bateram, nós devíamos ter organizado a Eepública, bem republicanamente. Não se tratava duma obra sectária e estreita de perseguições àqueles que tinham uma convicção diferente da nossa; tratava-se duma obra muito maior, tratava-se de fazer a Eepública perfeita, naquelas bases morais e naquelas bases de processo, que tinham sido o impulso heróico de toda a propaganda, de todo o passado, de toda a galhardia com que os republicanos se tinham batido por um regime decrépito, que abateram para todo o sempre.

Não se fez isso. E, cousa curiosa, aqueles que como eu, condenaram Sidónio Pais, terminaram por pôr o problema naqueles mesmos termos em. que Sidónio Pais o punha, isto ó, primeiro resolver o problema político.

Sr. Presidente: para mini, para a minha alma de republicano, isso é uma das •maiores monstruosidades, que se tem dito, porque não é possível, na actual organização social, resolver um problema isoladamente de todos os outros. Pode preparar-se por meio dum sistema adequado, fundamentado e bem dirigido.

Nesta hora, por consequência, invocando o martírio dessa gente que foi o meu próprio martírio, porque creio que em Portugal se não esqueceu de que eu fui dos primeiros, que pela arma que melhor sei manejar, a palavra, se levantaram contra essa tirania nascente, não em nonie dum sectarismo estreito, mas crn nome duma convicção arreigada, do que dela nada sairia de útil, ou devo dizer, que son contra todas as tentativas violentas de imposição à minha pátria, conchavadas na ilusão de que os partidos são artifícios, e não realidades concretas.

Não me conhecem -aqueles que agora se não conhecem a si próprios, mas eu conheço-me porque sou igual, e porque estou na mesma atitude, não por uma cobardia de mudança de opiniões que não tenho, mas porque o problema ó ainda o mesmo.

A política não ó uma sciência como as outras, e dela temos de tirar não visões

mas conclusões, sem que lhes possamos apreciar a regra da observação e da lógica.

Por isso, Sr. Presidente, em nome do meu Partido, que como eu, quere dotar a Eepública de colectividades cuja organização corresponda a todos os conhecimentos modernos, eu não posso deixar de me associar, com todo o sentimento ao voto proposto, pela morte de todos quantos, na defesa da Eepública, caíram há três anos, nas ruas de Lisboa, e bem assim às homenagens calorosas de todos aqueles que, através desse período, sofreram toda a sorte de perseguições e de torturas, como a da «Leva da morte» e do «Éden» do Porto.

No emtanto, essa gente humilde manifestou sempre uma firmeza de convicção e uma resistência moral, que a melhor homenagem que lhe poderemos prestar ó imitá-los moralmente.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Plínio Silva: — Sr. Presidente: seria atrevimento e impertinência da minha parte, vir após a bela oração proíe-rida pelo meu querido amigo João Ca-moesas, reeditar as suas considerações e enaltecer actos que eu não conseguiria levar mais alto que S. Ex.a na grandiosa apoteose que fez das mais belas figuras da Eepública que tentaram impedir o triunfo do dezembrismo. Não.

Mas porque estou farto de ver fazer apreciações injustas a este Parlamento .vou rectificar algumas passagens do discurso do Sr. Leote do Eêgo, a quem aliás me ligam os mais estreitos laços duma amizade consolidada nas horas amargas do seu exílio na Eua do Conservatório, 10, f»m Paris, onde amiudadas vezes lhe ia levar o inou conforto, incitando-o a que tivesse esperança de que a nuvem negra do sidonismo se desfaria por completo e melhores dias viriam ainda para o nosso Portugal.