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Diário da Câmara dos Deputados

que o Estado se incumbia de adquirir os trigos absolutamente necessários.

Como nós não podemos, de momento, fazer outra cousa, necessário se torna habilitar este ou outro Governo com os meios necessários para adquirir esse produto.

Afirmou o ilustre deputado, cujo nome já citei, que se tornava necessário conhecer previamente as razões justificativas da proposta do Sr. Ministro da Agricultura, para se poder habilitar a votar com consciôncia as necessárias verbas.

S. Ex.a afirmou que, emquanto esteve no Ministério da Agricultura, teve sempre o trigo necessário e lhe chegaram os 4:000 contos.

O Sr. António Granjo : — 4:000 contos, não foram 30:000...

O Orador: — Se não foram 4:000, foram 30:000. Não compreendi bem, mas não via a que propósito vieram os 4:000 contos.

O actuai Governo só pode seguir um dos dois processos; ou escolher o que acaba de referir o ilustre Deputado, ou limitar-se a esse sistema precário em que entram como concorrentes de terminadas casas.

Já me propus demonstrar isto, mas nesta casa há o mau sestro de proferir palavras que podem parecer a quem as escuta, que é o País, que os Ministros da Kepiíblica são criminosos e que não se faz senão negociatas.

Por esta forma desprestigia-se a instituição parlamentar e o Poder Executivo. Há muito tempo que venho dizendo que tenham o máximo cuidado nfls palavras que se proferem para que não tenham efeito diferente daquele a que realmente correspondem.

Tinha de possuir as verbas necessárias para adquirir aqueles carregamentos, absolutamente indispensáveis para o consumo do país durante o mês que vem e porventura uma parte de Fevereiro. Mas este processo de comprar é mau, porque os tais concursos têm também o inconveniente de todas as casas fornecedoras pedirem ao mesmo tempo, para Londres, os preços, dando a impressão no mercado londrino de que se vão comprar grandes quantidades, muito superiores aquelas que o Estado adquire. E não é só trigo.

E com respeito também aos fretes, porque o Estado não pode adquirir como adquire qualquer particular, como no tempo da comissão de?*avitaillement. Nesse tempo havia pessoas que adquiriam o trigo em condições melhores, porque há sempre aquela natural especulação da parte de quem vende, e qualquer pessoa inteligente e menos conhecedora do seu ofício pode proceder por forma que o Estado tenha bastantes lucros.

No tempo em que fui Ministro do Trabalho, o Estado tinha o seu delegado na comissão de ravitallement, que era o Sr. Ferreira de Simas.

Quando os ingleses se permitiam a liberdade de querer negociar fora do ravi-taillement o Governo inglôs recusava os fretes. Nesses tempos podia fazê-lo, porque a maior parte dos barcos eram ingleses.

O Sr. António Granjo : — ,?V. Ex.a dá-me licença? Nesse tempo havia adidos comerciais, mas hoj.e não é possível fazer o

há comissão de ravitaiilement.

O Orador : — Nesse tempo era fácil comprar.

As várias casas de Lisboa que negociavam em trigo, vinham oferecer ao Governo português esse mesmo cereal, em circunstâncias que eram mais favoráveis do que comprado pelo ravitaillement. Pretendiam que se fizesse a aquisição por um processo diferente, para que não deixassem de ter aquele lucro que até aí tinham.

O Governo comprou sempre nas melhores condições.

Para que acabasse a chantage eu aconselhei aos meus colegas que respondessem afirmativamente a uma das propostas e verificou-sc que ofereciam por um preço menor do que aquelas criaturas que faziam compras.

Era a gazua com que queriam abrir a porta dos abastecimentos — gazua com que abriram a porta do país em relação ao carvão, chegando a fazer compras em nome do Governo.