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Diário da Câmara dos Deputados

julgava que o Governo deveria amarrar a. comissão de finanças e os leaders dos partidos a essa resolução que era fundamental.

Não pôde; pela circunstância de haver férias e por outras que me foram ponderadas, dar-se cumprimento a este meu desejo.

Não pôde mesmo o Ministro das Finanças assistir às conversações com os leaders dos partidos; o Ministro das Finanças, que não está aqui para defender os interesses de A ou de B, mas simplesmente para defender os interesses da nação, levou a sua intransigência a não procurar nem querer ter conversas com o próprio representante do seu partido, que ele convocou para ser ouvido nessa hora. E não estando presente o leader do Grupo Popular, o chefe do mesmo partido, que faz parte do Governo, eu tive o cuidado de indicar, como era de justiça, pelas suas altas qualidades e pela posição excepcional que ocupa dentro do Partido Popular, o Sr. Vasco de Vasconcelos, que eu sabia ser partidário da denúncia do contrato da Agência Financial; e procurei ainda mais não mo avistar com S. Ex.a, para que ninguém pensasse que eu pretendia de qualquer forma violentar a opinião que S. Ex.a formava a respeito da denúncia ou não denúncia do contrato do Banco Português do Brasil com a Agência Financial.

• Não ouvi S. Ex.a, não o procurei! Mas as palavras que S. Ex.a porventura proferiu diante dó Sr. Presidente do Ministério, e que eu não perguntei quais foram e que ainda hoje ignoro, são aquelas que S. Ex.a quis dizer na livre opinião que forma sobre a questão; ,não foram influenciadas por palavras minhas.

Assim procedi e assim sempre quis proceder ao .longo de toda esta questão.

Mas não contente cm querer ouvir antecipadamente a opinião da comissão de finanças, depois de realisado o acto de denúncia e antes de me vir aqui defender, eu pretendi na própria hora em que irreflectidamente e lesando os interesses do Estado e da Eepública o Sr. Leio Portela levantou aqui esta questão, eu pretendi que a comissão de finanças se pronunciasse sobre as vantagens ou inconvenientes do facto de ser abordada uma questão para a qual eu tinha de trazer

todas as misérias da vida do Estado, porque andando cousas no ar, ou entendia que para me defender tinha de dizer a verdade absoluta acerca da questão da Agência Financial.

Não me quis, porém, ouvir a comissão de finanças. Indignadamente o Sr. António Maria da Silva, com gestos de De-móstenes e indignações de osasião, não quis, como presidente da comissão de finanças, convocar a mesma comissão; e por si só, sem ouvir a comissão, porque não teve tempo de a ouvir, S. Ex.a quis para si a responsabilidade de não a convocar— achando insólito que mn ministro acusado e que precisava de se defender, e para cuja defesa tinha de pronunciar palavras que não queria proninciar, mas que entendia que homens de bem como os da comissão de finanças podiam ouvir, para depois virem à Câmara dizer que o Ministro das Finanças não poiia de facto proferir todas as palavras que era necessário proferir—achando insólito que eu quisesse ouvir a comissão de finanças sobre circunstâncias e factos que julgava necessário serem do conhecimento da mesma comissão.-

Portanto, antes da resolução tomada pelo Conselho de Ministros acerca da denúncia do contrato da Agência, Financial, antes e depois, eu quis ouvir a comissão de finanças, para me sujeitar ao^seu vere-dictum; e declaro que não considero como homens de honra aqueles que depois deste facto ousaram dizer isto, que já apareceu na imprensa: «que o ministro procedeu impensadamente dizendo aquilo que não devia dizer».

Declaro antecipadamente que aqueles que tiverem a coragem de repetir essa frase bem pouco prezam a sua própria honra, quando assim levianamente tratam a honra alheia.

E posto este facto, sem alteração de nervos e sem impulsos meridionais, eu passo a responder às considerações infantis do Sr. Leio Portela.

Tive ocasião de tomar notas do dir-curso do Sr. Leio Portela, e .:omo alguns jornais tiveram cuidado de registar alguns pontos do discurso de S. Ex.a, eu servir-me hei dos meus apontamentos e do relato desses jornais.