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^Sessão de li de-Janeiro de 192J

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Principiarei pelo relato do Século, que bem se pode considerar o órgão oficioso, não de um partido, mas de todos aqueles que me atacam!

Vamos ver o que ele diz.

Como é agradável ver tais afirmações!

O Sr. Leio Portela (interrompendo}: — j As mesmas que V. Ex.a tem feito l

O Orador:—O homem que aqui está, se não tivesse esta tribuna para se defender, seria um homem deitado ao mar por quantos canalhas existem nesta terra! . '

Isto é a defesa da minha honra e do Parlamento, a quem eu quero como a mim próprio. Mas S. Ex.a não lhe quere tanto como eu, e eu vou explicar porquê.

Porque esse amor ó o amor a um Parlamento condenado à morte.

Ora, dizia eu o seguinte: um dia houve alguém que alarmado com dois contratos ruinosos, prejudiciais aos interesses do País, o do trigo e o do carvão, eixo em torno do qual se moveu toda esta questão, houve alguém que veio aqui ao Parlamento dizer o seguinte:

«Esses contratos são nulos porque ofendem o Poder Legislativo». ,'

E disseram esses poucos que, assistidos por muitos, atacaram os contratos do trigo e do carvão, que eram esses con-•tratos que haviam de amarrar o Poder às clientelas da Rua dos Capelistas. (Muitos apoiados).

Disse-se então: aPara ,que um Contrato seja válido, é preciso que aqueles que contratam possam dispor das verbas necessárias para contratar».

Para que eu possa contratar 200.000 toneladas de carvão, ó necessário que no Orçamento haja um crédito especial expressamente aprovado pelo Parlamento ou existam as verbas necessárias para fazer esse contrato.

Não dispunha o Poder Executivo das verbas, necessárias para fazer os contratos do trigo e do carvão; exorbitou, comprometendo-se a pagar quantias para as quais não estava autorizado; exorbitou, e houve deputados que protestaram. Mas não foi o Sr. Leio Portela que saiu à estacada por sua dona defendendo esse contrato, foram os outros, os que estão da banda de cá; foram esses que sabiam muito bem que durante as férias parla-

mentares toda a onda de lama que estra-vazava lá fora, havia de ser lançada sobre os homens que tinham tido .a coragem de atacar a alta finança. (Muitos apoiados}.

Não! Não foi o Sr. Leio Portela; foram estes que defenderam a intangibili-dade dos seus direitos; e no emtanto os jornais que defendiam aqueles que atacam o Ministro das Finanças clamavam em altos brados contra o Parlamento da República, e foi preciso que. esse Ministro viesse aqui falar para que o Parlamento se mantivesse, intangível .e para que os homens dos contratos ruinosos, nãp, pegassem no Parlamento e. o atirassem à enxurrada. • <_. p='p' i='i'>

Poderemos nada ~ter; mas pelo menos temos boa memória, um pouco de confiança em nós próprios e muito,, muito amor pela verdade e pela nossa terra. E assim, aqui estaremos sempre prontos a defender o Poder Legislativo; quando V. Ex.as o quiserem fechar-, aqui encontrarão alguém para defender as suas imu-nidades. E encontram-no sem necessidade de golpes de estado, sem necessidade de outra cousa que não seja a força suficiente para se defender dos ataques de quem quer que seja que o pretenda ferir naquilo que ele tem de mais caro: a sua honra.

t Mas, paladino da intangibilidade do Poder Legislativo, em; frente de mim que tanto na-imprensa, como no próprio Parlamento, tenho sido um defensor indefec-tível dêss« Poder, não! porque eu não lhe reconheço autoridade para tanto, Sr. Leio Portela!-(Muitos-apoiados). Eu, nem ao menos defendi os contratos dos trigos e do carvão!

Mas, continuemos. Fez-se a afirmação de que nós nãp votámos.em tempos a generalização do debate sobre a questão da Agência Financial, quando tal foi proposto, creio que o ano passado, pelo Sr. . Leio Portela. Desta vez o Ministro das Finanças abandonaria o seu lugar se houvesse alguém que, apoiando-o, se opusesse à generalização do debate. (Muitos apoiados). .