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Sessão de 1.1 de Janeiro de 1921

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solidariedade, simplesmente preguntava ao Conselho de Ministros se eles, que eu julgava, que considerava, como tendo dado^ toda a sua confiança, para resolver a questão como entendesse, continuava a dar-me essa confiança porque se não eu nem mais uma hora queria continuar neste lugar. Respondeu o Conselho de Ministros que me dava essa confiança, e por isso fiquei, por isso escrevi uma carta para os jornais, cuja explicação aqui fica.

Sr. Presidente e meus senhores: repito o que ontem disse, termino hoje como ontem, orgulhoso de mim próprio, nunca descendo ^a querer fazer como os reptis que sobem às vezes muito alto rastejando mas sempre com a coluna vertebral muito direita. Eu, que nunca soube curvar-me para beijar a mão de ninguém, nem para limpar as botas de ninguém, orgulhoso de mim próprio, homem em toda a acepção da palavra, seguro de mim próprio, a bem, com a minha consciência, homem de honra, declaro que cometi um crime "pela primeira vez na minha vida: transigi; transigi quando denunciei o contrato -da Agencia Financial, transigi por cobardia, transigi por um momento, hesitei perante a onda de lama, mas, meus senhores, em-quanto for homem público, emquanto continuar, que continuarei porque sou filho de pais pobres mas 'honrados, emquanto continuar a ser o mesmo homem de honra aqui juro a V. Ex.as que nunca mais tran-sijo, esta foi a última vez e esta vez me serviu de lição.

Tenho dito.

O discurso será publicado na integra revisto pelo orador, quando restituir, revistas, as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Leio Portela: — Sr. Presidente: quis S. Ex.% o Sr. Ministro das Finanças, tirar esta discussão do tom sereno, do tom tranquilo e plácido em que eu a quis colocar, para a levar para o campo um pouco da violência, um pouco da insinuação. ..

O Sr. Ministro das Finanças (Cunha Leal): — Sr. Presidente: chamo a atenção de V. Ex.a para as expressões do Sr. Deputado 'que está no uso da palavra. Afirmou S. Ex.a que eu quis levar esta questão para a campo da insinuação.

Peço a S. Ex.a que explique as suas palavras.

O Orador:^-Sr. Presidente: sou suficientemente ponderado para saber as pa-Javras que profiro, e quando digo que S. Ex.a ao proferir um discurso em resposta às minhas considerações tinha desviado a questão do campo sereno em que a coloquei para o campo da violência e da insinuação, quis constatar que- S. Ex.a, em vez de responder estritamente às minhas considerações, se referiu em todo o seu discurso à campanha que na imprensa se fez, como se porventura eu fosse aqui o eco dessa ou de qualquer campanha.

Eu quis, Sr. Presidente, constatar que S. Ex.a o Sr. Ministro das Finanças, em vez de responder às minhas considerações, se referiu em todo o seu discurso a várias questões, deixando de pé toda a minha argumentação. (Apoiados}.

Eu devo declarar que nas considerações que fiz procurei defender os interesses do Estado, e nada mais, pois não admito nem ao Sr. Ministro das Finanças nem a ninguém que possam supor que .eu venha para aqui defender interesses de terceiros. (Muitos apoiados).

O Sr. Presidente:—Eu devo declarar à Câmara que não chamei a atenção do ilustre Deputado Leio Portela, por isso que entendo que a palavra insinuação não é desprimoro sã do Parlamento, visto que ela tanto se pode empregar relativamente a referências boas, como más, e depois das declarações que acaba de fazer o Sr. Leio Portela, ainda mais convencido fiquei de que procedi bem.

O Orador: — Sr. Presidente: não me acusa a consciência de ter feito quaisquer considerações menos desprimorosas para o Sr. Ministro das Finanças, sendo o meu empenho apenas demonstrar que o procedimento havido com o assunto da Agência Financial é bastante ruinoso para os interesses do Estado,

Levantei a questão, tendo o máximo cuidado em não prejudicar os interesses do Estado nem ofender a honra fosse de quem fosse.