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Sessão de 27 e 28 de Janeiro de 1921

Sr. Presidente ! i Existe um enorme pe-

.0 . .

rigo... existe um enorme perjgo, repito, para a nação e para a República, em que o Governo caia ante a questão da Agência Financial! E porquê? Eu vou explicar.

Era fácil lutar contra o Governo nestas condições. Como?

Duma maneira muito simples :

Era seguir a onda. Seguir o movimento criado por todos esses financeiros despeitados, que só sabem viver & custa do •Estado. (Apoiados). Era porem-se à frente desse movimento e atirarem com o Governo a terra. Mas .;. custa muito caro o auxílio das clientelas financeiras. (Apoiados).

ai/ perigosíssimo para a nação o período que se pretende iniciar, que pode consistir em se reviverem os tempos em que os financeiros eram omnipotentes. Entravam de chapéu na cabeça no Ministério das Finanças, quando agora entram lá humildemente de chapéu na mão, reconhecendo que o Estado é o patrão que todos nós, os portugueses, devemos respeitar. (Apoiados).

Desassombradamente digo que é mais uma cousa infeliz para a República o fracasso de mais uma tentativa no sentido de fazer uma renovação financeira na vida do Estado.

Digo isto sem me importar da opinião que muitos possam ter acerca das palavras que pronuncio.

,í Querem triunfar mais uma vez os que, apesar de tudo, quando representam ao Estado no sentido de quererem pagar, põem condicionais terríveis das quais resulta que nunca pagarão ?

Ainda hoje se recebeu na Câmara dos Deputados uma representação duma associação qualquer em que o problema ó posto com toda a nitidez : havemos de pagar, mas depois de saneada a administração, depois duma grande compressão de despesas. Só então—dizem — pagaremos alguma cousa a mais.

Este é o lema! Este é o bordão a que? todos se agarram! j Não perguntam se no intervalo o Governo, exausto de recursos, poderia fechar as portas à Nação e dizer aos seus servidores que não tinha dinheiro para lhes pagar; não preguntam nada disso! Egoístas, tam egoístas que a si próprios se querem deixar esmagar, no-

vos Sansões, que preferem atirar com o templo abaixo> a pagar aquilo que devem.

Estes homens assaltaram o Ministro das Finanças, que lhes soube resistir melhor de que os outros. Caíram, realmente, as tentativas Pina Lopes, bem como .todas as outras, para que eles pagassem aquilo que deviam ao Estado. Por isso se regosijam já, mas ainda ó cedo (Apoiados), aqueles que pensam que o Ministro já está em terra e que não lhes serão exigidos mais sacrifícios, e que soou

Estamos em presença duma situação dolorosa. Deve talvez amanhã ser distribuído, então já com o relatório, o Orçamento para o ano de 1921-1922. Nesse relatório vão desfazer-se várias atoardas que correm, entre outras a tal dos 18:000 funcionários que 'desde Monsanto entra--ram para os serviços do Estado. Não é exacta essa afirmação, como aí se demonstra; existem mais funcionários, é certo, mas criaram-se dois Ministérios, e não por culpa dos radicais! Generalizaram-se também serviços importantíssimos, que demonstram que não é tam excessivamente perdulária como lá fora se diz a administração do Estado. (Apoiados).

Há, realmente, nesse Orçamento uma despesa enorme que é preciso reduzir: é a despesa com a força pública. Mas essa redução não pode fazer-se dum momento para o outro.

Temos também uma depressão cambial enorme. Nós vemos que só em perdas de câmbios temos de inscrever esta verba colossal de 55:000 contos, e a continuarem as cousas assim ou a agravar-se a situação serão mais de 100:000 contos os que nós perdemos em diferenças de câmbios.

Os trigos custam também um dinheirão

infinito, e assim é que, apesar de eu ter

exigido à Nação que pagasse ao Estado

alguma cousa já, nós temos um déficit

' enorme.