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Diário da Câmara dos Deputados

o Parlamento da Eepública a esta prova. Poderá o Parlamento não votar o contrato, e então, neste caso, preguntarei ao Sr. Presidente do Ministério se se julga bem no seu lugar depois de o Parlamento ter derrubado o plano financeiro do Sr. Ministro das Finanças.

É esta, Sr. Presidente, a atitude que o Parlamento desejaria que o Sr. Presidente do Ministério expusesse claramente, pois que situações dúbias é que se não compreendem nem se podem admitir.

Torna-se indispensável que a Câmara tome um atitude definida sobre o assunto, isto é, se se deve continuar com estes processos que se têm seguido até aqui, de se conservarem no Poder governos sem prestígio e sem força para se imporem condignamente ao país.

S. Ex.a o Sr. 'Ministro das Finanças disse na realidade cousas maravilhosas, e, entre elas. esta que eu não posso deixar de repetir à Câmara, por a considerar de espírito, qual seja a de que a exposição que lhe tem sido feita é positivamente a de tira-te tu, que me quero eu lá pôr.

Será este um argumento de grande peso apresentado pelo Sr. Ministro das Finanças, porém não ó nem pode ser esse o sentido da moção que tive a honra de enviar para a Mesa.

Disse mais o Sr. Ministro das Finanças que toda esta discussão sobre a Agência Financial do Eio de Janeiro tem tido um único intuito, qual seja o desejo que o Partido Republicano Liberal tem de assaltar o Poder.

Sr. Presidente: .o Partido Republicano Liberal nunca esteve no Poder; homens deste Partido é que já têm feito parte de governos.

A sua acção pode ter sido pouco inteligente, pouco criteriosa, falha de bom senso administrativo. Todavia os membros do Partido Liberal, quando ministros, jamais se conservaram no Poder, uma vez cumprida a sua missão. Se os homens públicos filiados no Partido Liberal quisessem realmente continuar à frente dos negócios públicos, agarrando-se sofregamente às cadeiras de ministro, não as teriam tam desinteressadamente abandonado para as deixar livres àqueles que tam ardontemente as cobiçavam (muitos apoiados) e que haviam de ter na sua

posse —todos nós o esperávamos— o seu justo e merecido castigo de opositores sistemáticos e irredutíveis.

O que urge, porém, neste momento é ouvir as necessárias e indispensáveis declarações do Sr. Presidente do Ministério; o que urge é saber se a Câmnra se resolve a tomar uma atitude que não estaria de harmonia com a dignidade das suas elevadas funções, ou se continuamos com Ministérios cadáveres que não têm no Parlamento a confiança precisa, nem no país a atmosfera necessária para o prestígio que devem ter os governos...

O Sr. Ministro do Comércio e Gomuni cações (António Fonseca): — V. Ex.a refere-se certamente àquele m^smo Parlamento de que uma vez se ocupou em San-. tarem, não é verdade ?

O Orador. — Sim, senhor, e nos mesmos termos em que o fiz nesta Câmara...

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (António Fonseca): — j E V. Ex.a viu bem como o Parlamente tomou os seus termos!

Uma voz: — V. Ex.% Sr. António Fonseca, não pode assim interromper o orador, porque é Ministro.

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (António Fonseca):—-Antes de tudo sou Deputado, j Peço a palavra como Deputado!

O Orador:—:Poucas palavras mais tenho a dizer.

O Sr. Ministro das Finanças fez o pa-rolelo da sua vida política e dos seus processos políticos com os processos políticos dos homens que comprem o Partido Republicano Liberal, e que se têm oposto ao seu plano administrativo.

Sr. Presidente: a este respeito tenho apenas a dizer que nós ternos^ marcado um posto na política portuguesa, qual seja o de uma política republicana. (Apoiados).

Poderemos ter praticado erros, é facto, e um deles, devo confessar, foi o de ter abandonado a minha profissão.,