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Diário âa Camará dos Deputados

tir-me a liberdade de reeditá-las aduzindo ainda alguns argumentos em favor da minha doutrina que é a seguinte: há inconvenientes e graves em se adiar a encorporação de recrutas que deve ter lugar em 5 de Março.

Disse eu, Sr. Presidente, que a encor-poração de recrutas não devia ser adiada, primeiro —porque uma parte das despesas que se fazem como uma encorpo ração militar, a oito dias dessa encorpora-cão já está feita; segundo: porque tendo todos os homens que chegam aos 21 anos de receber instrução militar para se poder colocar o país em condições de defesa, o facto de se adiar agora uma en-corporação do recrutas não trazia senão inconvenientes: o de vir juntar a instrução dos homens que a deviam agora receber com a próxima encorporação, e, além do prejuízo das despesas feitas, o duma grande aglomeração de pessoal dentro dos quartéis e o duma grave perturbação nos serviços militares.

Já vê V. Ex.a que por este lado a proposta do Sr. Plínio Silva não traz senão despesa e perturbação.

Há ainda uma outra consideração que fiz e à qual S. Ex.a não deu rés posta certamente por a julgar inconsiderada: é que o Sr. Ministro da Guerra determinou que a encorporação se fizesse no próximo dia 5 de Março; e, a não ser que eu tenha de aceitar que o Sr. Ministro da Guerra é inconsciente e que tomou portanto uma resolução à toa, tenho de aceitar como bom que algumas circunstâncias, algumas razõos levaram S. Ex.a a tomar essa medida.

Parecia-me portanto natural que ouvíssemos S. Ex.a para ver se as razões que o levaram a esse procedimento eram má s ou boas e, de harmonia,com as opiniões de S. Ex.a postas em frente das opiniões do Sr. Plínio Silva, podermos tomar uma resolução que seja a mais justa, a mais acertada e de harmonia com os interesses do País.

Outros oradores falaram largamente; e parece que V. Ex.as estavam no propósito de justificar aquela afirmação que eu tinha feito, sem intenção de desprimor, de que neste ponto de natureza técnica natural era que os militares os conheçam com mais detalhe. Se V. Ex.as me pre-guntarem se sou capaz de discutir um as-

sunto de medicina, um processo qualquer assunto a que eu seja inteiram ente alheio, não hesitarei em responder que o não poderei fazer nem com competòncia, nem com detalhe.

Disse-se aqui —e isto precisa um ligeiro esclarecimento -- que a última guerra tinha condenado os exércitos permanentes, parecendo-me que se não ligou a estas duas palavras a precisão que elas devem ter. De facto, exército permanente representa hoje aquele número de soldados e oficiais que as nações conservam como julgados indispensáveis para enquadrar os diferentes elementos a que possam ter de recorrer num dado momento.

Em Portugal os regimentos têm actualmente uma quantidade muito reduzida de homens, quási os indispensáveis para os serviços dos quartéis e de instrução, e isso não é de modo algum um exército permanente.

Disse-se também, e isto vai para os civis que fazem parto desta Câmara, que alguns países apresentaram nos campos de batalha grandes exércitos que dantes não tinham. O que, porém, se esqueceram do dizer foi que, se a Inglaterra e os Estados Unidos tivessem os quadros do graduados e oficiais que eram indispensáveis para instruir rapidamente esses exércitos, a guerra, em vez do durar quatro anos, teria durado apenas dois.

A demora na resolução do conflito proveio, justamente, do que nem a Inglaterra, nem os Estados Unidos, nem mesmo a Itália, tinham os quadros indispensáveis.

liepito, pois, que a minha opinião, que é, de resto, a do Ministro da Guerra, ó inteiramente contrária ao adiamento da encorporação de recrutas.

Tenho dito.

O orador não reviu.