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Sessão de 18 de Março de 1921

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rios, entre os quais o ilustre chefe do Partido a que nos honramos de pertencer. Mas, se assim é, igualmente deve o Sr. Presidenle do Ministério saber que em caso algum nos afastaremos, por um momento sequer, daquela linha de conduta que a nós próprios traçarmos, pondo sempre as questões- com toda a clareza, exigindo que elas sejam tratadas sem subterfúgios, nem palavras ambíguas.

Um dos motivos que me levaram a pedir a palavra foi justamente para tratar do assunto a que se referiu o ilustre Deputado socialista que me precedeu: a gre-«ve da imprensa.

A propósito da permanência de militares nas tipografias das empresas jornalísticas, disse aqui um Sr. Deputado, representante duma dessas empresas, mas que aqui falou no uso dum legítimo direito, que a questão tinha de ser encarada sob os aspectos político e económico. Já hoje aqui se disse também que, seja em que país for, nenhum Governo deverá intervir, nem tem do intervir nas lutas entre o capital e o trabalho, a não ser quando dessas lutas resulte uma perturbação económica para o país ou quando dão origem a perturbações de ordem pública.

Nenhuma destas perturbações se verifica no caso presente, apenas se verificando que o Governo se tornou parcial, colocando-se ao lado dos grandes para esmagar os pequenos. Isto, Sr. Presidente do Ministério, conduz à revolta!

E se ato hoje a luta.travada entre os grevistas e a semprêsas não têm dado origem a tumultos, inevitavelmente a eles levará o caminho que V. Ex.a entendeu dever traçar.

Então, Sr. Presidente, a responsabilidade não poderá cair nos grevistas; a responsabilidade da alteração da ordem só deve cair no Governo, que não soube intervir como devia intervir. (Apoiados).

Devia S. Ex.a ter-se posto neutral nessa luta travada entre o trabalho e o capital, neste caso entre grevistas de imprensa e as empresas dos jornais, procurando assim, dentro da lei, garantir a liberdade de trabalho sim, mas não podia pôr-se ao lado das empresas jornalísticas que têm sido acusadas, por mais dmna vez, de estarem contra as instituições republicanas. (Apoiados). (Não apoiados].

Algumas empresas jornalísticas têm

sido acusadas de estarem contra a Eepú blica.

• Vozes: — Muito bem.

O Orador: — Pode o Sr. Presidente do Governo estar no silêncio em que tem estado, que não desisto também de tratar ante S. Ex.a o assunto respoiíaníe à polícia de investigação, ao seu director.

Antes da implantação da Eepública bateram-se os. republicanos contra essa polícia, por ter poderes demasiados.

Esses poderes foram muito maiores ainda depois da Eepública.

Essa polícia n?Lo devia fazer política, porque era exactamente para investigar dos crimes hostis à Eepública.

Vou demonstrar o contrário.

Não deve estar esquecido ainda, porque o tempo ainda não é suficiente para o fazer esquecer, até o ponto de não nos lembrarmos do caso Eugeroni & Euge-roni.

Há um acto do Ministro da Justiça de então, que, tendo enviado uma queixa á polícia de investigação para investigar sobre o crime atribuído a Eugeroni & Eugeroni; se ainda está em liberdade quem representa essa firma, deve-se unicamente ao facto do escrivão de Direito ter adoecido, porque quom tinha prendido o representante da firma Eugeroni & Sugerp-ni teria sido eu, e não o director da polícia de investigação.

O escrivão adoeceu, e a prisão era precisamente sobre o mesmo caso-crime.

Posso garantir a V. Ex.a que o processo contra Engeroni & Eugeroni se completou em três horas.

Podia Eugeroni ser preso visto que o director da polícia de investigação havia apreendido dois documentos, e até tinha concluído as investigações das testemunhas, unicamente para dar andamento ao processo, e mandar prender Eugeroni & Eugeroni, mas eu vejo quási todos os dias na imprensa notas oficiosas do director da polícia de investigação dizendo que hoje vai inquirir uma testemunha, que amanhã vai proceder a uma diligência, etc.