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Sessão de 8, 11> 12 e 13 de Abril de 192 í

grande sério de atropelos praticados pelos monárquicos.

Sr. Presidente: sabe V. Ex.a muito bem como é que a República procedeu na hora do triunfo, na hora da aclamação. Digam os monárquicos que os republicanos são vingativos, mas como é vingativa uma República que nas primeiras horas do seu triunfo, mal tinha sido proclamada, constando que ia ser imediatamente assaltada a casa do Sr. José Lucíano, logo o Sr. Feio Terenas, que foi nosso companheiro resta casa-do Congresso, e, se não estou em erro, essa alta, figura que hoje preside aos destinos da nossa Pátria, correram a casa desse vulto da monarquia, e bastDu a sua voz para que o povo desistisse dos seus propósitos e deixasse em paz esse homem.

i Que satisfação sentimos todos ao sabor que, depois de proclamada a República, nem um acto de vingança tinha sido praticado; as vidas tinham sido poupadas, os Bancos onde os monárquicos tinham guardado o seu dinheiro haviam sido defendidos pelos mesmos homens que tinham estado na Rotunda com as armas na mão !

/.E como é que os monárquicos têm correspondido à nossa generosidade ?

Com as constantes incursões no país e com actos revolucionários.

Seis meses depois da incursão de Chaves, em 1917, o Sr. Bernardino Machado, como Presidente do Ministério, trouxe aqui uma proposta do amnistia aos conspiradores. Não quis votar essa proposta e disse num grupo-parlamentar do meu Partido que não só não votava, mas havia de a combater com todo o ardor.

Foi preciso que o Sr. Afonso Costa me dissesse: «Ou votas a amnistia, em nome da nossa amizade pessoal, ou essa amizade não é verdadeira». Perante uma intimativa desta natureza, eu, que estimo o Sr. Afonso Costa como se 6le fosse meu pai, vim a esta casa do Parlamento votar essa proposta, prestando assim uma homenagem ao maior tribuno do meu país.

E S. Ex.a sabe bem quanto é profunda a amizade que lhe dedico.

Mas, Sr. Presidente, a verdade é que o Sr. Dr. Bernardino Machado, velho republicano, por motivo do seu temperamento, ou porque o seu coração seja ainda

maior do que a sua própria cabeça, tem atitudes que não se harmonizam com as minhas.

Quando S. Ex.a em 1913 tomou a iniciativa de uma amnistia eu estava irredutível para não a votar. Foi o Sr. Dr. Afonso Costa, que ainda é a pessoa que pode dominar-me, quem me levou a aprovar essa amnistia.

De então para cá deram-se novos acontecimentos e todos nós vemos o resultado da amnistia.

Eu quereria que o Sr. Dr. Bernardino Machado nos dissesse que a amnistia era para o Governo uma questão fechada. Que nos dissesse: os Srs. votam a amnistia e eu vou-me embora.

Certamente que assim o Parlamento não votaria a amnistia.

Teve S. Ex.a, já depois de ser chefe do Governo, uma atitude a respeito do dezembrismo, com a qual não me conformo.

S. Ex.a na cadeira de Senador havia dito muitas vezes que era necessário tirar dos Jerónimos o cadáver que lá se encontra. Na situação de Presidente do Ministério vem dizer cousa contrária: que esse cadáver está numa simples igreja e lá pode ficar.

Os homens públicos do regime que servem com dedicação o país, como S. Ex.a o serve, têm obrigação de se prestigiarem cada vez mais no conceito da nação, e a melhor forma que têm para conseguir esse prestígio é mostrarem-se sempre coerentes.

Sr. Presidente do Ministério : aproveito o ensejo para dizer a V. Ex.a que os Governos da República têm de mudar de rumo e de orientação. Realmente, é necessário resolver uma questão que, para mim, é magna, que é a grande desordem que existe na administração republicana, e que não é da responsabilidade de V. Ex.a, porque é da responsabilidade do todos os Governos que têm passado pelas cadeiras do Poder.

V. Ex.a sabe o que é o nosso funcionalismo. V. Ex.a sabe a desordem que vai por essas Secretarias, onde os empregados vão às horas que querem e saem também quando querem. Não foram essas as afirmações que nós fizemos no tempo da propaganda.