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Sessão de 22 de Abril de 1921

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não tirasse ilações erradas das palavras proferidas no cemitério, professor e alunos concordaram na publicação do discurso.

Os alunos, segando as declarações do Sr. Angelo da Fonseca, frequentavam regularmente as enfermarias, mantendo com ele as melhores relações até que, no dia 12 de Março, o curso do õ.° ano publicava o seu primeiro manifesto. Leu esse manifesto, diz o orador, e tendo pelos alunos do 5.° ano médico a maior consideração, declara, no entanto à Câmara, que não concorda com a doutrina nele exposta.

Declaram, depois, os alunos a sua incompatibilidade com o Sr. Angelo da Fonseca, dirigindo, nesse sentido, um ofício ao director da Facaldade, Sr. Luís Pereira, que não o aceitou, por considerá-lo incorrecto.

Passado tempo, os rapazes declaram a greve. Ora se vamos admitir uma greve, disse o orador, pelo facto dos alunos de qualquer curso declararem a sua irredu-tibilidade com um professor, teremos estabelecido um princípio desgraçado (Apoiados].

Uma comissão delegada dos grevistas procurou o reitor da Universidade, indicando-lhe o Sr. Baposo de Magalhães para substituir o Sr. Angelo da Fonseca. Isto não está escrito, mas afirma-o o Sr. Reitor da Universidade, homem de prestígio e de- talento. Na reunião do Conselho da Faculdade, que se efectuou depois, o Sr. Angelo da Fonseca, mais uma vez exaltou a memória do Dr. Daniel de Matos e declarou, categoricamente, que nunca tivera intenção de agravar o 5.° ano do curso de medicina. Nestas condições, o Conselho da Faculdade de Medicina votou a sua solidariedade para com o Sr. Angelo da Fonseca, cujo discurso nessa reunião oferece uma platorma para que a greve termine.

Realmente, disse o orador, a greve labora num equívoco. Admitindo a publicação do discurso do estudante Coelho, o Sr. Angelo da Fonseca queria desfazê-lo, para mostrar que nada nele existia de ofensivo para a Faculdade. E, tendo sido esse equívoco pulverizado, entende que a greve já não tem razão de existir, tanto mais que uma greve é uma perturbação na vida social, e muito principalmente na

vida académica, onde os movimentos grevistas vão desorganizar enormemente os trabalhos escolares.

Entende o orador que, depois das explicações do Sr. Angelo da Fonseca, os rapazes ficam bem colocados acabando já com a greve. «Eis como se encontra a questão, termina o orador, e como Ministro da Instrução deseja declarar que está pronto a acompanhar os rapazes, e assim dirá, no intuito de que a greve termine e quanto antes, que se eles não quiserem fazer os seus exames na Universidade de Coimbra, os autorizará a fazê-los nas Escolas Médicas de Lisboa ou do Porto».

O discurso será publicado na integra quando o orador haja devolvido as notas taquigràficas.

O Sr. Presidente: — Os Srs. António Granjo e João Camoesas pediram a palavra para seguir ao assunto que acaba de ser tratado pelo Sr. Ministro da Instrução ; porém, para lhes conceder a palavra, necessário se torna que a Câmara se pronuncie nesse sentido.

O Sr. Augusto Dias da Silva: — Sr. Presidente : pedi a palavra para declarar a V. Ex.a e à Câmara que achava muito melhor que o assunto se tratasse na se-gunda-feira, tratando-se agora da questão

dos Bairros Sociais.

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O Sr. Presidente:—Não se trata de generalizar o debate, trata-se apenas de conceder a pala\ra sobre o assunto aos Srs. António Granjo e João Camoesas. Os Srs. Deputados que entendem que devo dar a palava a estes Srs. Deputados, queiram levantar-se.

Está concedido.

O Sr. Carlos Olavo:—Requeiro a contraprova.

O Sr. Presidente:—iLstão de pé 38 Srs. Deputados e sentados 30. Está rejeitado.