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Diário da Câmara dos Deputados

mente representa se está agitando, no sentido de o-afastar da embaixada, pois os interesses de um povo grandioso não podem ficar por mais tempo entregues a um indivíduo que não sabe honrar nem a sua pátria, nem o espinhoso cargo que ocupa.

Podemos ainda acrescentar que repetidos telegramas têm sido transmitidos às autoridades do seu pais, narrando-lhes detalhadamente a reportagem da Tarde.

Fiquem, todavia, os respeitáveis representantes da pátria irmã aqui domiciliados certos de que o nosso jornal não deixará de cauterizar nas suas futuras edições o procedimento desse divertido pelintra, que está tentando cobrir de vergonha e opróbrio as tradições de uma nacionalidade que só tem sabido ser culta e generosa».

Torno a dizer, Sr. Presidente, que não me alegra trazer aqui um tal assunto. Mas isto é extraordinariamente grave.

Não pode ficar assim.

O Sr. Nuno Simões: — <_ p='p' que='que' diz-me='diz-me' v.='v.' é='é' ex.a='ex.a' esse='esse' jornal='jornal'>

O Orador: — E a Tarde, que não faz parte do grupo dos que atacam Portugal e os portugueses no Rio de Janeiro.

Esta circunstância é muito para atender. Não posso garantir a veracidade absoluta do que afirma a gazeta fluminense. Mas inspira.confiança, tornando-se uma garantia de verdade, o simples facto de ela pertencer ao pequeno grupo dos jornais que defendem, e não ao grande grupo dos que atacam, Portugal e os portugueses rio Brasil, além do que tenho .motivos especiais para acreditar no que ela diz. Estou convencido de que as suas afirmações, se não em todas as suas particularidades, pelo menos na essência, são verdadeiras.

Há mais de um ano que recebo cartas do Rio de Janeiro a relatar-mo factos análogos a êssos. Cartas que não tenho publicado, limitando-me a fazer-lhes, e isso mesmo só uma ou duas vezes, ligeiras referências.

Ainda há pouco, quando vinha para esta Câmara, encontrei um português muito inteligente e muito culto e sério, que me disse que há todas as ra/ões para aceitar as acusações da Tarde copio verdadeiras,

pois que ele próprio já tivera ocasião do ver o embaixador português completa-mente bêbedo nas ruas do Rio de Janeiro.

Se o nosso Governo estivesse disposto a mandar proceder a um inquérito a tal respeito, eu não teria a menor divida em confirmar perante o indivíduo ou os indivíduos encarregados desse inquérito não só o que fica referido mas tudo quanto sei.

Em qualquer caso, como a Cumara vê e o Governo, é de extraordinária importância a atitude da Tarde contra o nosso embaixador no Brasil; agora, quo naquele país se vem fazendo uma campanha intensa, acintosa, e .infame, devo acrescentar, contra Portugal e contra os portugueses.

O artigo da Tarde que acabo de ler à Câmara não é o primeiro, como desse artigo só depreende, que o referido jorr nal publicou contra o Sr. Duarte Leito. Há, pelo menos, uni anterior, quo não me veio ter às mãos, mas que o Governo se ó certo, corno diz a gazeta fluminense, quo «repetidos telegramas lhe têm sido transmitidos narrando a reportagem da Tarde», deve conhecer.

j Não pode ser! Sr. Presidente, não pode ser! Portugal não podo uom deve continuar sujeito à série de afrontas, de huinilhcições e de vexames por que está passando no Brasil.

Se o Governo não tem sabido e não sabe fazer mais e melhor para nos livrar dessas vergonhas, que tenha ao monos hoje um acto de energia.

Nem mais uma hora podo continuar ocupando o alto cargo de nosso embaixador no Brasil.

Não é verdade?

Então o Governo que proceda pelas vias diplomáticas de forma que a Tarde seja chamada a responder nos tribunais por aquilo que diz.

Em todos os códigos do mundo as afrontas a um embaixador são consideradas afrontas ao país que ele representa, o, por isso mesmo, as leis cominam para esses casos castigos severíssimos.

Não procuremos desvirtuar os factos nem ocultar .a verdade.