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Diário da Câmara dos Deputados.

única e exclusivamente contra os portugueses, praticando-se ali todos os ataques que é possível contra um país onde está um Embaixador que nada faz, e que assiste a tudo isto sem um protesto. j$> Estes factos, Sr. Presidente, são autênticos e não se podem negar.

Tenho visto, Sr. Presidente, em Paris e em Londres, protestar-se não por factos semelhantes, mas sim muito mais insignificantes, e é por isso que eu chamo a atenção da Câmara e do Governo, de forma a que ele não coutuiue de braços cruzados perante factos desta natureza.

Tenho dito.

O Sr. Aníbal Lúcio de Azevedo: — Sr. Presidente: pedi a palavra para mandar para a Mesa uma proposta de lei que tem o n.° 70(5 da autoria do Sr. Ministro das Finanças.

O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros (Domingos Pereira):—Sr. Presidente: entrei na sala quando S. Ex.a o Sr. Homem Cristo estava produzindo as suas considerações contra uma campanha que se vem fazendo contra o nosso embaixador no Rio de Janeiro.

Parece-me, Sr. Presidente, poder afirmar à Câmara que o Sr. Homem Cristo S9 acha mal informado relativamente ao papel assumido pelo nosso representante no Brasil.

Eu sei, Sr. Presidente, que o Sr. Duarte Leite tem sido objecto de ataques e de campanhas que têm sido feitas contra a sua pessoa; todavia, Sr. Presidente, eu não posso pela minha responsabilidade especial deixar-me levar absolutamente por essas campanhas, tenho a obrigação e o dever de serenamente averiguar ato que ponto são verdadeiras essas acusa-çi3es produzidas contra o Sr. Duarte Leite.

Eu, Sr. Presidente, devo declarar, em abono da verdade, que considero tudo quanto há de mais injusto as campanhas que se têm feito contra o Sr. Duarte Leite, que é uma figura de alto prestígio ern Portugal, sendo o seu passado digno de todo o respeito e consideração.

Não é verdade que nos cafés ou nas roas do Rio de Janoiro, p Sr. Duarte Leite se tenha conduzido de maneira a poder diminuir o prestígio da sua perso-nlidade ou o do país que representa.

Nada mais devo dizer porquo as críticas sobre o Sr. Duarie Leite não se têm dirigido à maneira como S. Es:.* se tem conduzido propriamente no seu papil de embaixador, têm-se dirigido mais acerca da maneira como S. Ex.a se apresenta em público, e o que se diz a tal respeito é redondamento inexacto.

Folgaria, Sr. Presidente, que essas acusações não viessem até o Parlamento da República, sem, previamente, se saber se são ou não exactas. (Apoiadcs}.

Somos meridionais e consequentemenlo dotados dum temperamento qus, infelizmente, nos leva, muitas vezes, a fazermo--nos eco, no Parlamento, de factos e acusações, sem nos. assegurarmos da sua exactidão.

O Sr. Homem Cristo: — Eu disse que alguém da maior respeitabilidade me afirmara que tinha visto algumas cousas das que se criticam e que estava, por isso, pronto a fazer o seu depoimento.

O Orador: —Também V. Ex.a, Sr. Deputado, deseja com certeza que o considerem pessoa da maior respeitabilidade, e todavia deixou que no seu jornal O de Aveiro alguém escrevesse esta acusação :

«Que no Brasil as mulheres brasileiras não são honestas, que são na qu&si totalidade adúlteras».

Entretanto está V. Ex.a convencido, por certo, como eu, de que isso não é verdade.

O Sr. Homem Cristo: — O indivíduo que escreveu no meu jornal o que d.z é que, das mulheres que no Brasil tinham casado com portugueses, 50 por cento não...

Vozes: — Não pode ser.

O Sr. Aboim Inglês:—Não desprestigiemos mais o Parlamento.

O Orador: — Nada mais tenho a dizer.