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Diário da Câmara das Deputados

dos portugueses que se sacrificaram pela honra e pela glória da Pátria tios campos abençoados da Flandres. Todos nós sentimos a hora solene que passou, e a glorificação feita aos restos do heroes, aos despojos daqueles dois soldados que morreram em África e em França foi bom tima manifestação de carácter nacional. Hoje, passados apenas quinze dias sobre essa glorificação, em que todo o povo português tomou parte, com pesar, com tristeza vejo que se dê em Portugal um facto que ó a negação completa dessa mesma glorificação.

Sr. Presidente: é triste, é lamentável que às colunas dos jornais portugueses tivessem de chegar os lamentos e os pedidos daqueles heróis obscuros. Não quero dizer que alguém tenha culpa destes factos lamentáveis; a verdade, porém, é que eles se deram, o eu vejo, com tristeza, que recorrem à caridade particular homens sobre os quais a República e todos nós temos obrigação de falar e olhar.

Sr. Presidente: o facto que se deu, e que eu sou o primeiro a lamentar, tenho a certeza que vai de qualquer forma ser imediatamente remediado pelo Governo e por nós todos; de contrário, poderia ser bem a vitória de todos aqueles que combateram a nossa intervenção na guerra.

Tenho » certeza de que aqueles que es-cre^eram os novos Lusíadas nos campos abençoados de Flandres não hão-de ter, para honra de todos nós, paga igual à do épico do século xvi, ao qual Portugal dou por paga uni mísero catre do hospital.

Tenho dito.

O Sr. Ministro da Guerra (Álvaro de Cãs ro): — Sr. Presidente : foi bom que os Srs. Pais Rovisco e Manuel Fragoso trouxessem este assunto à discussão, não porque ele não tenha merecido, desde a primeira hora em que tomei conta da pasta da guerra, a minha melhor atenção e o meu melhor cuidado. Felizmente, posso afirmar, com a consciência tranquila, quo não só no desempenho de funções meramente de paz, mas ainda em plena campanha, demonstrei quanta atenção me mereciam não só os soldados válidos, mas muito mais aqueles que se encontravam impossibilitados pela doença e ferimentos.

O assunto é muito delicado o melin-

droso, mas foi muito interessante que S. Ex.as levantassem esta questão, porque é necessário sossegar a opinião pública, que exige que a situação dos mutilados se resolva definitivamente. Felizmente, a Câmara dos Deputados tem a sua consciência tranquila, porque já votou uma proposta tendente a êsso fim, aguardando-se simplesmente a aprovação d3 Senado, que, creio, porá todo o interesso na aprovação dessa proposta. Daqui a dois ou três dias, portanto, a situação dos mutilados estará inteiramente resolvida; contudo, é justo que, tratando-se de mutilados, e o facto ó grave, õle seja inteira-, mente exposto perante a Câmara, para que o país conheça a situa ç AO que aos mutilados foi criada pela República, e que em nenhum país foi melhor.

Nenhum outro país prestou maior auxílio e atenção aos mutilados, o já que o Sr. Pais Rovisco se referiu à responsabilidade que Cste facto podia ter em relação aos meus colegas do Ministério, devo afirmar que essa responsabilidade pertence unicamente ao Ministro da Guerra. Assumo a responsabilidade de todos os actos que pratico dentro da minha pasta.

A situação, tal como só produziu nos jornais, não é uma situação grave ; é unia situação que só tem reproduzido no Instituto de Arroios desde o seu início.

No Instituto de Arroios c no Instituto de Santa Izabel entraram 576 mutilados ou estropiados, e ainda outros quo nem estropiados nem mutilados eram, e que nem sequer." estiveram em campanha, e ainda outros mutilados, dos quais resta um único, do combate de Monsanto, que por sinal até se encontrava er.tre as forças que combateram a República.

Isto manifesta o largo espírito de tolerância que tem presidido à adopção de feridos e mutilados dentro do Instituto do Arroios.

Como já disse, entraram no Instituto 576 mutilados.

O Instituto tinha como função a aparelhagem dos mutilados, a sua reoducação e a sua colocação por intermédio ou de oferecimentos do indicação particular ou de indicação de carácter oficial.