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Sessão de 11 de Dezembro de 1922

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Ao lado do Sr. Presidente do Ministério encontram-se o Sr. Vitorino Guimarães, que neste momento está a altura da grande missão que lhe foi confiada, e o Sr. Vítor Hugo de Azevedo Coutinho, a quem se deve uma parte dessa grande glória da travessia do Atlântico.

(Apoiados}. '

Mas outros Ministros ali se sentam, que merecem o nosso apoio : o Sr. Domingos Pereira, cuja acção como Presidente desta Câmara colheu as simpatias de todos; (Apoiados)^ o Sr. Ministro do Comércio, alma de republicano antigo, que tem merecido a simpatia de todos os republicanos. (Apoiados).

. Na pasta da Instrução encontra-se o Sr. Leonardo Coimbra, uma afirmação e uma voz bem eloquente das novas gerações.

Dos homens que não fazem parte deste lado da Câmara estão no Poder, o Sr. Abranches Ferrão e o Sr. Coronel Frei-ria, que não são apenas uma vaga espe-. rança, mas uma certeza de que melhores dias virão à Eepública Portuguesa.

Não está no Poder este Governo pela ambição de mandos, mas para o fim de prestar ao País um serviço patriótico.

Entre os vários aspectos da vida social, há dois que devem ser encarados e resolvidos pelo actual Governo, e são eles : a crise cambial e a carestia da vida. Se estes dois aspectos não forem resolvidos, a acção do Governo pouco terá de útil.

Houve quem afirmasse que a crise cambial era resultante da instabilidade dos Governos, mas tivemos um Govêtno durante dez mezes e o câmbio continua na mesma; de outro motivo se serviram para essa turpe especulação, dizendo que a crise cambial era devida às constantes revoluções, e no emtanto há mais de um ano que não há convulsões políticas nas ruas !

Porque é então?

São estes os processos daqueles que tinham o lema de «antes Afonso XIII do que Afonso Costa», que hoje se .pode deduzir nesta frase: «Tudo, menos a República».

Os inimigos, vendo que não podiam vencer a República pela força das armas, pretendem asfixiá-la, especulando com a carestia da vida e com o problema social.

A República não poderá salvar-se se porventura não iniciar uma política eficaz; tem de esmagar todos os que à volta dela vêem tramando o peor trama que se tem arranjado em terras portuguesas. (Apoiados). Não podemos continuar nesta situação de asfixia em que nos encontramos; é preciso sair dela. Para isso é necessário uma acção enérgica e eficaz, e para isso contamos nós com o espírito de boa vontade e de sacrifício que anima todo o Governo. (Apoiados).

Quanto a outro problema, o da carestia da vida, devo dizer que ele é uma consequência da crise cambial. Para resolver esse problema é necessário que o Governo adote todas as medidas indispensáveis, ainda as mais violentas, para que cesse o estado de cousas em que nos encontramos.

A República tem sido duma grande tolerância para com os seus inimigos, e assim não criou uma finança republicana, limitando-se a prestar auxílio à finança monárquica, e desse modo tem alienado uma grande parte das simpatias da classe operária. Urge, portanto, que ela siga uma política essencialmente republicana, sem que com isso caconsélhe uma política de perseguições. Este lado da Câmara, efectivamente, não defende uma política de retaliações. Para os republicanos nunca a pratiôou e ainda nesta hora, este lado da Câmara preconiza, ao contrário, uma política de franco entendimento entre todos os republicanos. Marchamos todos para o mesmo fim; marchamos por caminhos diversos, mas a aspiração é a mesma. Relativamente aos monárquicos, mes-nio com respeito a esses, nós não preconizamos uma política de -perseguições, mas queremos que se siga uma política de acção intransigentemente republicana, porque nunca os monárquicos souberam agradecer as tolerâncias e facilidades que a República lhes tem dado, antes ao contrário se têm servido delas para a atacarem. Assim, temos que fazer sentir aos monárquicos que a República tem de viver e ser respeitada. (Apoiados}.

Sr. Presidente: entre os problemas que o actual Governo se propõe resolver alguns há que merecem desde já a aprovação deste lado da Câmara.