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Diário da Câmara doa Deputados

A coerência dos homens!...

A parte do projecto que se refere à hipotética feira de Lisboa, e que perigosamente dá ao Governo poderes discricionários para fazer o que entender, nem merece discussão.

O relatório da proposta dos Sr s. Bar-ros Queiroz e Fernandes Costa, que criou o Comissariado da Exposição do Rio de Janeiro, na parte que àquela feira se refere, diz o seguinte:

«Também a feira de Lisboa, que deve realizar-se nesta capital em Maio de 1922, deve merecer ao Governo um profundo interesse, assim pelo seu largo alcance económico como por ela ser, de certo modo, um ensaio de forças para a grande Exposição do Kio de Janeiro».

Em face disto, a feira perdeu a oportunidade. A não ser que se entenda agora que o ensaio se realiza depois da representação. .. Já não é de admirar.

E, em face da atitude que o Partido Democrático assumiu em 1921, apontando até o Sr. Domingues dos Santos o exemplo da feira do Porto, que, com todo o brilho, se realizara sem encargos para o Estado, eu estou convencido de que vai ser rejeitado in limine o artigo de que se trata.

A Câmara recorda-se certamente de que do trágico movimento outubrista dois únicos homens saíram triunfantes. Um ó o assassino de Sidónio Pais, que anda em liberdade. O-outro é o afortunado outubrista que ,foi Ministro de Portugal em Viana de Áustria, e cujos proventos escandalosos, que o próprio Governo democrático aumentou, eu aqui revelei, com assombro de toda a Câmara, em sessão de 21 de Março.

Pois foi precisamente nessa sessão que eu, em resposta aos apartes que me estavam sendo dirigidos, declarei bem alto que nós não reconhecíamos autoridade para apontarem os erros do passado àqueles que só depois de 5 de Outubro começaram a sentir engulhes com esses erros. E aos republicanos de sempre lembrei que mal caminhava o regime que não sabiam impor-se pelos .seus homens e mal iam os homens que não sabiam impor-se pelos seus actos. O confronto com um pretenso mal não justifica um mal maior;

o confronto com um erro não justifica um crime.

Apoiados.

Repitam estas afirmações àqueles que nos continuam atacando e procuram cobrir os escândalos do regime à sombra de supostos erros do passado."

j Desta vez foi o Sr. Cunha Leal que nos lançou o repto!

j Aceitamo-lo e perdoamos, porque foi 'S. Ex.a o próprio que nos forneceu nr-mas para a esmagadora defesa!

Sim, porque, em uma conferência que realizou, no dia 12 do corrente, na Associação dos Lojistas, o repiblicano Sr. Cunha Leal disse estas cousas tremendas da República:

«

«As previsões orçamentais não servem para nada!»

« j Por todos os motivos já apontados e por outros a que ainda nos referiremos, as contas da tesouraria são a cousa mais fantástica que se pode conceber!»

São escusados comentários!

Foi o Partido Democrático, Sr. Presidente! O partido à sombra do qual têm sido cometidos a maior parte dos escândalos'da República!

j O partido à sombra do qual se tem mantido a impunidade da maioria dos criminosos !

j O partido que é inspirado por um indivíduo que ainda há dias aqui ouvi classificar de super-homem que não consente (!) que seja alterada a Lei da Separação, mas que foi o autor do contrato Fur-ness!

j O partido que é, emfim, o principal culpado da desgraçada situação do País!

Querem o confronto?